Governo federal taxa módulos solares e turbinas eólicas importadas

12/12/23 | São Paulo

Reportagem publicada pela Epbr

Tarifa de 10,8% começa a valer em 2024; módulos fotovoltaicos terão cotas isentas até 2027

Módulos fotovoltaicos montados e turbinas eólicas de até 7,5 MW passarão a pagar tarifa de importação de 10,8% a partir de janeiro de 2024, decidiu nesta terça-feira (12/12) o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A justificativa é que já existe produção similar no Brasil, tanto para os módulos montados quanto para os aerogeradores.

E o imposto vai aumentar. A partir de 2025, todas as compras fora do país recolherão 11,2% de imposto de importação – e eventuais isenções, para qualquer potência, só serão concedidas mediante comprovação de não haver produção nacional equivalente.

A decisão revoga 324 ex-tarifários de painéis solares que tinham redução a zero da tarifa. A cobrança, no entanto, prevê um período de transição para que o mercado se adapte às novas regras, com cotas de isenção descrescentes até 2027. As cotas serão de:

  • US$ 1,13 bilhão entre janeiro e junho de 2024;
  • US$ 1,01 bilhão entre julho de 2024 e junho de 2025;
  • US$ 717 milhões entre julho de 2025 e junho de 2026; e
  • US$ 403 milhões entre julho de 2026 e junho de 2027.

Atualmente, o Brasil possui capacidade instalada de 11,1 GW de energia solar centralizada e de 25 GW de geração distribuída. De acordo com o MDIC, 99% de todos os módulos usados são importados da China. Em 2022, as importações somaram US$ 5 bilhões.

Aerogeradores

O Gecex-Camex aumentou a capacidade mínima dos aerogerados isentos de imposto de importação de 3,3 MW para 7,5 MW. E agora a isenção tem prazo de um ano.

“Constatou-se, porém, que empresas brasileiras já conseguem produzir acima desse limite ou têm planos para isso no curto e médio prazos”, afirmou o órgão.

“A produção de equipamentos de geração de energia solar é estratégica para o país”, afirma o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) Geraldo Alckmin. “Ela contribui para nossa segurança energética e está alinhada ao programa de transição ecológica para uma economia de baixo carbono.”

O retorno da tarifa à TEC, na avaliação do secretário-executivo Márcio Elias Rosa, que presidiu a reunião do Gecex, tem “potencial para aumentar e atrair investimentos, estimular o desenvolvimento da cadeia produtiva e gerar milhares de empregos de qualidade”.

Estudos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam para um crescimento médio anual de 9,4 GW na capacidade instalada no país, entre 2023 e 2026. Segundo cálculos do setor, cada incremento de 9,4 GW levaria à criação de 19 mil empregos ao longo da cadeia produtivo, sendo 6,5 mil apenas na produção dos módulos.