26/04/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Business News America Latina
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) espera que a fonte de energia seja capaz de competir na licitação de capacidade de backup deste ano, disse à BNamericas o vice-presidente de geração centralizada da entidade, Ricardo Barros.
No modelo de leilão, o governo contrata potência (MW) em vez de geração de energia (MWh), para garantir a continuidade do fornecimento em situação de emergência, como em um cenário de baixa capacidade hidrelétrica.
A primeira licitação de capacidade de backup, realizada em dezembro, permitiu apenas usinas a gás. Um total de 4.632 MW de disponibilidade de potência foi contratado por 15 anos, a partir de 2026.
A próxima está prevista para novembro, e as regras e diretrizes para participar do processo ainda não foram divulgadas.
“Nosso pleito é que o leilão permita, com regras tecnicamente justas, a participação de projetos solares com baterias”, disse Barros.
A Absolar também está trabalhando para viabilizar a participação da energia solar fotovoltaica na licitação A-6 em setembro.
De acordo com as regras publicadas pelo governo, apenas projetos de recuperação de energia hidrelétrica, eólica e termelétrica relacionados a resíduos sólidos urbanos, biomassa e gás natural poderão concorrer ao leilão.
Até agora, os projetos solares garantiram participação na licitação A-4, em 27 de maio, e na A-5, em setembro.
“Mas a expectativa de contratação é baixa, tendo em vista que as distribuidoras estão supercontratadas e a economia brasileira passa por certa instabilidade”, disse Barros.
Ele acrescentou que todas as fontes de energia provavelmente terão seus preços reajustados para cima, como já aconteceu na última licitação.
“Dólar e juros altos, desafios logísticos e incertezas políticas: tudo isso afeta o preço”, disse.
Cerca de 1.894 projetos greenfield foram inscritos no leilão A-4, totalizando 75,3 GW, segundo a Empresa federal de Pesquisa Energética (EPE).
Os projetos de energia eólica e solar fotovoltaica representam 73,3 GW de capacidade registrada (97,4% do total) e pretendem ser contratados com prazo de fornecimento de 15 anos.
Os projetos hidrelétricos, com 1,02 GW de potência registrada, terão contratos de 20 anos, assim como os empreendimentos de biomassa, com a mesma potência.
O Nordeste brasileiro concentra cerca de 70% dos projetos e energia registrados, com destaque para a energia eólica e solar.
Os leilões A-5 e A-6 serão realizados no dia 16 de setembro e as empresas interessadas devem cadastrar seus projetos e enviar a documentação necessária até o dia 11 de maio.
A licitação A-5 será focada em projetos de recuperação de energia hidrelétrica, eólica, solar fotovoltaica e termelétrica relacionados a resíduos sólidos urbanos, biomassa, biogás e carvão.
O foco da A-6 são projetos hidrelétricos, eólicos e de recuperação de energia relacionados a resíduos sólidos urbanos, biomassa e gás natural.
Dependendo da fonte primária, o fornecimento será contratado por 15 ou 20 anos.
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), disse que há um grande interesse do mercado nos leilões programados para este ano, pois os valores registrados na última licitação mostram um grande número de projetos em carteira.
“Mas não temos como, neste momento, fazer qualquer previsão sobre as expectativas da quantidade a ser vendida ou do preço”, disse ela ao BNamericas.
Também estão previstas para este ano as licitações A-1 e A-2, onde apenas projetos existentes podem concorrer. Eles estão programados para serem realizados em dezembro.