02/10/23 | São Paulo
Reportagem publicada em Revista Cenarium Amazônia
Rumo ao desenvolvimento de energias limpas no Brasil, um projeto de geração de hidrogênio verde será desenvolvido na Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada em Presidente Figueiredo, no Amazonas. A proposta faz parte de um combo de cinco planos selecionados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Eletronorte, para pôr em prática soluções que mirem uma economia de baixo carbono no País.
O valor máximo estimado para desenvolver os projetos pelo Senai é de R$ 12 milhões, a serem executados em até três anos. Os trabalhos foram apresentados durante o 10° Congresso Internacional de Inovação da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que reuniu cerca de 7 mil pessoas para debaterem soluções sustentáveis à indústria na última semana, em São Paulo.
“[O objetivo] é trazer uma solução que fosse a mais adequada para fazer a descarbonização da Amazônia. A origem toda da energia é por células fotovoltaicas. Metade das células fotovoltaicas serão instaladas em uma célula líquida, no lago, e metade terrestre, perto da usina. E a gente tem uma expectativa de que a energia produzida sobre o lago seja melhor do que sobre a terra, pois os modelos matemáticos apontam para essa direção. É a primeira vez que vamos fazer uma análise prática, não teórica, de como vai ser essa experiência de produção de energia”, explicou à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA Elvio Dutra, diretor do Instituto Senai de Inovação em Manaus, ligado à Suframa.
A proposta para geração de hidrogênio verde prevê a implantação de placas de energia solar no rio e nas redondezas em que já tem a hidrelétrica na região. Outros dois planos vão dar apoio para esse sistema. Um deles envolve a criação de um gerador que queima hidrogênio.
“O que não existe no País é um grupo gerador que use do hidrogênio, uma fonte limpa de energia, produzido aqui dentro do nosso território nacional”, disse Marina Lodi, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Eletrobras.
O hidrogênio verde é reconhecido como o combustível do futuro, e a produção sustentável e uso eficiente têm sido temas de crescente importância na busca por soluções para a crise climática global. É obtido a partir da quebra de moléculas que contenham H2 na composição, mas difere do chamado hidrogênio cinza, já muito usado na indústria petroquímica e na produção de fertilizantes à base de amônia, que utiliza fontes fósseis, sobretudo, gás natural.
Mas há quem acredite que o País precise de mais incentivo para a produção do hidrogênio verde. E um dos pontos a ser enfrentado, por exemplo, é de ordem logística. Em um País de dimensões continentais como o Brasil, as dificuldades para transportar e armazenar o hidrogênio verde a ser produzido poderá servir como estímulo para o fomento de produções locais futuras.
“Essa dificuldade de armazenamento é o que pode fazer com que, a médio e longo prazo, regiões como a amazônica busque o hidrogênio verde, uma produção própria de hidrogênio verde para abastecer, a meu ver, potencialmente, a Zona Franca de Manaus”, complementou Luiz Felipe Fustaino, diretor de Tesouraria e Comunicação Externa da Unigel, segunda maior petroquímica do País, responsável pela construção da primeira fábrica de hidrogênio verde em solo brasileiro. Os trabalhos devem começar em larga escala em 2024.