21/03/24 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Empresas & Negócios
O mundo caminha em uma mesma direção na busca incessante por alternativas sustentáveis e que não agridam o meio ambiente. E, neste cenário, estão as fontes de energia renováveis, as quais, cada vez mais, apresentam inovações que surgem a passos largos. No caso da energia solar, por exemplo, o Brasil começa a seguir o caminho de muitos países que já aderiram, em larga escala, ao armazenamento de energia solar.
Uma das principais indagações para quem está pensando em adquirir o sistema de geração de energia solar é a dependência da disponibilidade da radiação solar apenas durante o dia. Mas, como o gerador solar fotovoltaico fica conectado à rede da concessionária, no período diurno o consumidor utiliza a energia que produz e, o que sobra, é injetado na rede. Já durante a noite, é utilizada a energia que foi enviada para a rede, ou seja, ainda há uma dependência energética da rede da concessionária.
Com certeza, virá a pergunta: então, se for instalado esse sistema de energia solar, o que fazer à noite ou em períodos de chuva? É neste contexto que entra essa inovação: o armazenamento da energia solar fotovoltaica em baterias. Para que esse sistema funcione, é necessário que sejam adquiridos os inversores híbridos, que são o ‘cérebro’ do sistema, ou seja, equipamentos que podem operar simultaneamente com uma fonte de energia (painéis solares) e um banco de baterias.
Nesse sentido, os inversores funcionam conectados à rede enquanto o banco de baterias está carregando, ou também ao contrário, por exemplo, em períodos noturnos ou chuvosos. Dessa forma, mesmo no caso de apagões, o sistema impede que o fornecimento de energia seja interrompido. E esse trabalho simultâneo é o que o difere dos demais inversores. Ou seja, uma das principais vantagens do sistema de armazenamento é que, durante o dia, ao invés de injetar na rede a energia que não é consumida, esta é direcionada para a bateria e poderá ser utilizada posteriormente.
“Dessa forma, não haverá a dependência da rede elétrica, além da economia substancial na conta de energia, o que faz com que o sistema de armazenamento com baterias se pague em 6 a 8 anos”, destaca Gilberto Camargos, diretor-executivo da SolaX Power, empresa global com sede na China, que foi a primeira fabricante de inversores híbridos da Ásia, em 2013, e por isso acumula essa expertise no segmento.
E o crescimento da empresa comprova a eficiência e atratividade desse segmento, já que a possibilidade de ter segurança energética e a utilização de uma fonte de energia limpa têm motivado a população a optar pela fonte de energia solar. “Em 2023, vendemos 1GW em baterias e inversores em todo o mundo”, pontua o executivo.
“Para a indústria ou comércio, esse armazenamento garante segurança energética, já que, no caso de um apagão, permanecer muito tempo sem energia pode gerar uma situação muito complicada. E para os clientes residenciais, com tantas pessoas que trabalham em sistema de home-office, assim como aquelas que dependem de equipamentos de saúde que funcionam pela eletricidade, é essencial que não haja interrupções de energia”, explica o executivo.
E o executivo se mantém otimista: “Com a redução de mais de 40% no valor dos painéis solares em 2023, de acordo com estudo do Portal Solar, a tendência é de que a atratividade dessa fonte de energia tenha expressivo crescimento, cenário esse, aliado à possibilidade de armazenar essa energia limpa, garantindo a segurança energética e redução no payback (período necessário para que o custo da aquisição e instalação dos equipamentos se pague)”.
Essa redução no período para retorno do investimento é um importante indicador da competitividade dos sistemas fotovoltaicos, já que, quanto menor o prazo, mais atrativo é investir nesse sistema e, com a redução no valor dos painéis solares, a tendência de queda é real.
Segundo a Absolar, o Brasil acaba de ultrapassar a marca histórica de 40 GW de capacidade instalada de energia fotovoltaica, o equivale a 17,4% da matriz elétrica brasileira, dado que inclui grandes usinas solares e sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
Mas este ainda é um mercado com muito potencial a ser explorado. Segundo dados do Movimento Solar Livre, o Brasil possui 93,5 milhões de unidades consumidoras e apenas 3,4 milhões tem geração distribuída (aquela energia elétrica gerada no local de consumo, como as energias renováveis), ou seja, 2,95%