15/12/17 | São Paulo
Mais de 30 especialistas, técnicos e profissionais do setor de energias renováveis estiveram reunidos na manhã da quarta-feira (13), na sede da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), para discutir e validar os resultados preliminares de quatro (4) projetos da ABDI: os mapeamentos das cadeias produtivas Eólica e Solar Fotovoltaica no país e os estudos inéditos no Brasil sobre os perfis e as oportunidades de crescimento profissional na cadeia de valor das energias eólica e solar fotovoltaica.
Na primeira parte da oficina, os participantes discutiram a atualização do Mapeamento da Cadeia Produtiva da Indústria Eólica no Brasil , estudo inédito publicado pela ABDI em 2014. Em seguida, foram apresentados os resultados do Mapeamento da Cadeia Produtiva Solar Fotovoltaica. “A partir das contribuições que recebemos dos participantes, faremos os ajustes necessários no texto e, posteriormente, todo o material (texto e dados) será consolidado em um portal de energias renováveis”, afirmou o especialista em Energias Renováveis da Agência, Jorge Boeira. A previsão é de que a plataforma esteja disponível já no primeiro trimestre de 2018.
Coordenado pela ABDI, a partir de um contrato com a Fundação Getúlio Vargas (FGV Projetos), o portal funcionará como um “hub” que reunirá dados atualizados sobre a localização das unidades produtivas e dos parques eólicos instalados em território nacional, informações sobre componentes, subcomponentes, serviços especializados e seus respectivos fornecedores, além dos documentos com o mapeamento da cadeia produtiva da indústria de energias renováveis brasileira. “Será um portal que deverá agregar dados e informações sobre geração de energias renováveis e da capacidade produtiva do setor eólico e solar fotovoltaico no Brasil. O trabalho será utilizado como referência na discussão técnica para a proposição de políticas públicas e projetos de fomento do setor de renováveis na perspectiva da indústria”, apontou Jorge Boeira.
De acordo com Boeira, a pesquisa mostra que 49% dos fabricantes de bens mapeados são novos em relação ao levantamento anterior, ou seja, 114 novas empresas de um total de 235 fabricantes. Já o número total de empresas da cadeia produtiva passou de 300 empresas para mais de 400 empresas, dentre fabricantes de bens e de prestadores de serviços.
Do ponto de vista dos itens mais importantes do setor, observou-se que a capacidade produtiva total das montadoras praticamente não se alterou com as mudanças que aconteceram no cenário nacional, se mantendo ao redor de 1,5 mil unidades ou aproximadamente 3500 MW/ano. “A capacidade produtiva das torres eólicas de aço é de cerca de 1,2 mil unidades/ano, praticamente inalterada em relação à 2014. Porém, com a capacidade existente para torres de concreto ou híbridas, isso não representa nenhum tipo de gargalo desse item para o setor. Já a capacidade de pás eólicas ficou reduzida em 20%, passando de 8,9 mil em 2014 para 7 mil unidades em 2017, mas plenamente capaz de atender toda a demanda interna e ainda o mercado externo”, ressaltou o especialista.
Participaram da discussão sobre os resultados preliminares dos estudos de mapeamento das cadeias eólica e solar fotovoltaicas da ABDI representantes dos ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), de Minas eEnergia (MME), da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), de entidades representativas e de apoio ao setor, como a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além dos principais players industriais do setor eólico e fotovoltaico do país.
Para o presidente do Conselho de Energia Eólica da Abimaq, Roberto Veiga, a iniciativa é bastante oportuna. “O setor de energia eólica brasileiro é altamente competitivo e está ansioso pela sinalização de investimentos por parte do governo. Iniciativas como essa, da ABDI, contribuem para a divulgação sistemática do potencial do setor, para a atração de investimentos e o consequente fortalecimento da cadeia produtiva”, observou Veiga, ao lembrar a importância da política de financiamento adotada pelo BNDES, que apoiou, nos últimos três anos, mais de 50 investimentos em novas fábricas, adequações e expansões.
O diretor técnico da ABEEólica, Sandro Yamamoto, também referendou os estudos e a criação da plataforma do setor. “O trabalho da ABDI conta com todo o nosso apoio. Ações de fortalecimento e estímulo da cadeia produtiva contribuem para a competividade do setor não só em nível nacional, mas internacional”, destacou o executivo.
Mercado de trabalho
Durante a oficina, também foi apresentado um estudo inédito com o cenário do mercado de trabalho do setor, além de dados sobre o perfil e as oportunidades de crescimento profissional na cadeia de valor de energias renováveis. Na indústria de energia solar fotovoltaica, foram identificadas 33 profissões/ocupações distribuídas entre quatro grupos de atividades: Manufatura; Projeto de Sistemas; Desenvolvimento de Projetos; e Instalação e Operação. “Estas diferentes alternativas de progressão sinalizam a necessidade de aprendizagem e desenvolvimento de competências de forma contínua, abrindo espaço para a ampliação de cursos e treinamentos no país voltados a estas demandas”, observou Jorge Boeira.
Já no setor de energia eólica, foram identificadas 52 profissões/ocupações distribuídas entre cinco grupos de atividades: Desenvolvimento de Projetos; Manufatura; Construção e Montagem; Operação e Manutenção; e Ensino e Pesquisa. Para todas as atividades profissionais, há necessidade de investimentos em capacitação e treinamento de recursos humanos. O mapeamento dos setores com o diagnóstico e as potencialidades do Brasil em energias renováveis, bem como o cenário do mercado de trabalho estarão disponíveis na Plataforma de Energias Renováveis, a ser lançada pela ABDI em 2018.