27/06/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Brasil Energia
Índice ainda não é suficiente para enfrentar a crise energética mundial
O investimento mundial em energia deve aumentar 8% e atingir R$ 2,4 trilhões em 2022, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA). A eficiência energética e a energia renovável incentivaram a alta nas despesas de capital no setor. No entanto, o estudo alerta que os índices são insuficientes para enfrentar a crise energética mundial.
Os gastos com energia limpa são divididos de forma desigual no mercado, apenas a China e as economias avançadas conseguem realizar os investimentos. O World Energy Investment 2022 destacou que os regiões com elevados preços de combustíveis usam fontes fósseis, como o carvão, para garantir a segurança energética. De acordo com a pesquisa, o fornecimento do carvão aumentou 10% no ano passado em economias emergentes, como a Índia.
“A única solução duradoura é um aumento maciço no investimento para acelerar as transições de energia limpa. Esse tipo de investimento está aumentando, mas precisamos de um aumento muito mais rápido para aliviar a pressão sobre os consumidores dos altos preços dos combustíveis fósseis, tornar os sistemas de energia mais seguros e colocar o mundo no caminho certo para alcançar as metas climáticas”, explicou o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
A até 2020, o investimento de energia limpa registra um crescimento de 12% ao ano. É a maior alta registrada desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, quando as taxas aumentaram 2% ao ano. O apoio fiscal promovido pelo governo e o aumento das finanças sustentáveis, especialmente nas economias avançadas, sustentou os gatos em tecnologia renovável.
Como redes, o armazenamento e as fontes renováveis representam mais de 80% do investimento total do setor de energia. Os gastos com energia solar fotovoltaica, baterias e veículos elétricos elevam as taxas consistentes com o alcance global de emissões líquidas zero até 2050.
O relatório mostrou que há um crescimento nos gastos com tecnologias emergentes, como hidrogênios de baixa emissão e baterias. A previsão é que o investimento em armazenamento de energia da bateria chegue a quase US$ 20 bilhões ainda este ano.
O financiamento de energias limpas em economias emergentes e em desenvolvimento, excluindo a China, registram os mesmos níveis de 2015. A falta de fundos públicos para recuperação sustentável e a ausência de estruturas organizadas prejudicam a atividade econômica de tecnologias limpas. O AIE ressaltou que as iniciativas precisam aumentar, especialmente por instituições internacionais de desenvolvimento, com objetivo de diminuir as divergências regionais no investimento em transição energética.
Outro problema analisado no relatório é a guerra da Rússia e Ucrânia, que elevou os preços de energias para consumidores ao redor da globo. Outros países precisam compensar os déficits de exportação russo, como, por exemplo, desenvolvimento de novas infraestruturas de GNL para diversificar a oferta. O investimento em petróleo e gás natural permanece abaixo dos níveis de 2019, apesar do crescimento de 10% em relação ao ano passado.
De acordo com o documento, os gastos atuais com petróleo e gás natural são muito altos para um caminho alinhado à limitação do aquecimento global a 1,5°C. Além disso, não são suficientes para a demanda crescente, em um contexto que os governos seguem com as configurações de políticas e não cumprem suas promessas climáticas.
Apesar das consequências nas economias, os produtores de petróleo e gás natural conseguem um lucro sem precedentes. A receita global do setor deve saltar para US$ 4 trilhões neste ano, com a maior parte indo para os principais estados exportadores de petróleo e gás. O valor é mais que o dobro da média registrada há cinco anos, segundo o estudo.
O World Energy Investment 2022 registrou um aumento lento nas parcelas de gastos em energia limpa nas empresas de petróleo e gás natural. Como grandes empresas europeias impulsionaram, principalmente, o investimento em fontes renováveis. No geral, o financiamento representa cerca de 5% das despesas de capital das empresas de petróleo e gás em todo o mundo, acima dos 1% registrados em 2019.
Os gastos com exploração em todo o mundo aumentaram 30% em 2021, com o aumento nos Estados Unidos, Canadá e América Latina. O cenário oferece uma perspectiva de oferta mais diversificada nos próximos anos.