05/03/24 | São Paulo
Com imenso potencial de geração de energia limpa, a região já conta com inúmeros projetos de geração local de energia usando fontes renováveis
O Laboratório de Energias Renováveis (Laber) do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, está se tornando uma referência em energia produzida a partir de fortes renováveis na região do Baixo Amazonas, por meio da sua participação em projetos da área, que estão sendo realizados por várias instituições.
“Nada mais lógico que o Laber estar se tornando uma referência em energia produzida a partir de fortes renováveis na nossa região, visto que temos um potencial imenso de geração de energia limpa, e que a região já conta com inúmeros projetos de geração local de energia usando fontes renováveis, levados a cabo por diversas instituições. Nosso laboratório vem somar esforços a essas instituições no estabelecimento de uma lógica de inserção mais justa dessas comunidades em um mundo cada vez mais globalizado”, afirmou o coordenador do Laber, professor Lázaro Silva.
Um dos projetos em que o Laber atua como parceiro é: “Convergência para soluções inovadoras de energia: capacitando comunidades fora da rede com tecnologias de energia sustentável”. O projeto reúne professores e estudantes da Universidade do Estado de Michigan (MSU), Universidade de Brasília (UnB) e Ufopa. Coordenado pelo antropólogo Emílio Moran, professor da MSU que estuda a região amazônica há mais de 50 anos, e conta com financiamento da Mott Foundation e da National Science Foundation (NSF).
A equipe vem trabalhando há dois anos com comunidades da Resex Tapajós-Arapiuns com o objetivo de levar, para essas localidades, energia limpa e confiável, definida como “sistemas remotos”, pois não são conectadas à rede elétrica existente.
Oficina de energia limpa De 28 de fevereiro a 1º de março de 2024, moradores de seis comunidades da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns participaram, em Santarém, da 1ª Oficina sobre Gestão de Sistemas Comunitários de Geração de Energia Elétrica Off-Grid, no Laboratório de Energias Renováveis da Ufopa. Na oficina, 18 comunitários das localidades de Mentai, Cachoeirinha do Mentai, Alto Mentai, Prainha do Maró, Vista Alegre do Maró e Porto Rico discutiram boas práticas de gestão dos sistemas solares fotovoltaicos instalados em suas comunidades em parceria com a equipe do projeto.
Comunitários de várias localidades da Resex Tapajós-Arapiuns participaram da oficina — Foto: Acervo do projeto / Divulgação
Representantes de outras quatro comunidades – Nova Anã, Cachoeira do Aruã e Surucuá, da região do Tapajós-Arapiuns; além de Nova Limeira, no estado do Amazonas – também participam da oficina, relatando suas experiências com sistemas energéticos e as oportunidades de beneficiamento e comercialização de produtos e serviços locais proporcionadas pela instalação desses sistemas.
Além dos comunitários, participam ainda, com apresentações e palestras, instituições que gerenciam projetos de energia limpa na Amazônia, como o Projeto Saúde e Alegria e o Instituto Mamirauá, além de professores da Ufopa e representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Energia renovável “As localidades com as quais trabalhamos não estão nos planos dos programas de universalização de energia elétrica do governo federal e dependem de geradores movidos a diesel ou gasolina para gerar energia por apenas três horas por dia. O combustível fóssil é caro e poluente. Por isso estamos tentando, juntamente com os comunitários, melhorar as alternativas de geração de energia elétrica que eles têm”, explicou o professor Manoel Roberval Pimentel dos Santos, vice-diretor do IEG.
Equipe do projeto em frente ao sistema de energia solar na comunidade Porto Rico — Foto: Acervo do Projeto / Divulgação
Segundo o professor, a equipe já instalou duas miniusinas fotovoltaicas nas comunidades de Porto Rico e Cachoeirinha do Mentai; três sistemas de bombeamento de água em Porto Rico, Prainha do Maró e Vista Alegre do Maró; e uma turbina hidrocinética em Cachoeirinha do Mentai.
Segundo a coordenadora local do projeto, Karina Ninni, além de procurar, junto com as comunidades, a melhor forma de atendê-las do ponto de vista da geração de energia elétrica, o projeto também tem o objetivo de colaborar na formação de mão de obra local para trabalhar com sistemas de energia limpa.
“Assim, contratamos três bolsistas entre os alunos de Engenharia da Ufopa e temos, trabalhando conosco, mais de dez voluntários entre os universitários. Para eles, é uma oportunidade de extensão universitária e uma experiência que não tem preço. Para nós, trata-se de deixar um legado entre os futuros engenheiros formados pela Ufopa”, declarou Karina Ninni.
Novos sistemas Para 2024 está programada a instalação de mais cinco sistemas solares fotovoltaicos para fins de uso comum, que permitem alimentar a conexão com a Internet, um freezer, iluminação e tomadas na escola, na igreja e nos dormitórios e barracões comunitários, além de iluminação pública; sete sistemas fotovoltaicos para bombeamento de água; e mais uma miniusina fotovoltaica na comunidade de Vista Alegre do Maró.
Em 2025, uma outra turbina hidrocinética será instalada, provavelmente no município de Oriximiná, oeste do Pará.