18/12/17 | São Paulo
Apesar das pressões negativas, a fonte solar fotovoltaica poderá apresentar seu menor preço histórico
Rodrigo Sauaia, da ABSOLAR
Falando em contratação mínima para a manutenção da indústria, a fonte solar fotovoltaica vê a proximidade de um abismo de pedidos em 2020, também reflexo da falta de leilões nos últimos dois anos. O presidente executivo da Associação Brasileira da Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, classifica o ano em questão como crítico e emergencial, tanto que destaca que há conversas com o Ministério de Minas e Energia no sentido de preencher essa lacuna na programação da cadeia industrial. Até porque, lembrou, no PDE 2026 há previsão de que haja a entrada em operação de 1 GW em nova capacidade solar, mas não houve leilões até o momento que viabilizassem esse acréscimo na matriz.
“Temos conversado com o governo e recomendado que tome uma ação estratégica para atender a essa demanda de 2020. Fizemos as contas e para que realmente tenhamos essa energia é preciso a contratação ainda no primeiro semestre de 2018 por meio de leilão que poderia ser um A-2. Temos condições de entregar esse volume no prazo e seguindo todos os trâmites necessários de forma adequada”, comentou o executivo.
Para o único certame no qual a solar fotovoltaica poderá participar, o A-4 , o número de cadastrados – habilitados – demonstra que o setor está com apetite para entrar. E aproveitou para criticar a não inclusão da solar no A-6. Em suas estimativas a fonte pode viabilizar algo próximo a 1 GWp o que daria um volume entre 200 MW médios a 250 MW médios ainda mais com a situação da térmica no Rio Grande do Sul que não deverá voltar, abrindo espaço para mais demanda por parte das distribuidoras.
Sauaia ressalta que é importante a contratação de projetos de qualidade e os empreendedores devem tomar atitudes responsáveis quanto aos preços. Mesmo assim ele acredita que deveremos ver deságios importantes, inclusive com preços mais baixos do que o último leilão no qual a fonte conseguiu fechar contratos. O mais recente, de 2015, ficou na casa de US$ 78/MWh o que daria um valor de cerca de R$ 260/MWh.
“De fato será um leilão bastante competitivo. Acreditamos que o avanço da tecnologia trará avanços com a redução de custos mesmo com fatores de pressão no país como as condições de financiamento e o aumento do risco-Brasil ante um passado recente. O balanço disso é que deveremos ver aumento da competitividade e a solar se aproximando das demais fontes. Temos exemplos pelo mundo com recordes de preços como no México onde projetos saíram a menos de US$ 20/MWh. Claro que não teremos isso por aqui, a realidade é outra comparada aos mexicanos”, apontou.
Pelo lado da ABEEólica, Élbia Gannoum, disse que o valor do preço teto para o segmento que representa é considerado bom para a fonte. Em sua avaliação houve a percepção por parte do governo de que esse fator é importante para que tenhamos um leilão eficiente e que atraia investidores para a disputa. O volume cadastrado é um sinal de que os empreendedores querem investir, mas que para isso é preciso uma sinalização por meio de um preço teto atrativo que permita um retorno do investimento.
Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar aponta a questão do preço como uma iniciativa positiva também para a fonte que representa. Houve uma elevação de 31% quando comparado com o A-5 de 2016. Essa medida, conta, reconhece as externalidades da biomassa. Mas cobra a continuidade dessa valorização para que seja evitada a verdadeira gangorra de preços que veio sendo adotada pelo governo nos últimos anos. “Pedimos que haja um processo e não um retrocesso para a biomassa, que esse reconhecimento que vimos agora seja mantido e não apenas para esse leilão”, destacou.