LER: preço da energia solar pode ficar 30% mais alto, avaliam agentes

20/03/15 | São Paulo

Agência CanalEnergia

As condições macroeconômicas de 2015 elevarão os preços da energia solar fotovoltaica no Leilão de Energia de Reserva marcado para 14 de agosto. O certame foi confirmado nesta segunda-feira, 16 de março, conforme publicação da Portaria MME 69/2015. O aumento da taxa de juros para o financiamento do BNDES, aumento da alíquota do PIS/Cofins em 2,5 pontos porcentuais para 11,75% para produtos importados e, o mais importante, a disparada do dólar ante o real são as condições que levarão ao aumento. A expectativa é de que esse aumento fique na mesma proporção da moeda norte-americana na comparação com os valores praticados no leilão de outubro do ano passado, ou seja, algo na casa de 30%.

De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, a tendência é de aumento na comparação com o ano passado. Contudo, ele preferiu não arriscar um indicador. Mas, em termos realistas há pressão sobre os preços dessa fonte de geração ante o que se viu no ano passado. Isso porque a maioria absoluta do capex que é necessário para esse tipo de usina é atrelada ao dólar em decorrência da necessidade de importação.

“Dependemos bastante do câmbio, isso afeta diretamente o do setor e a competitividade. Na comparação com outubro do ano passado o dólar está R$ 0,81 mais alto, um aumento de 33%, a elevação do PIS e Confins foi de 27% ou 2,5 pontos porcentuais, enquanto a taxa do BNDES passou de 5% para 5,5% ao ano, elevação de 10%”, afirmou ele. “O problema para o setor não é a disponibilidade de equipamentos, mas sim a conjuntura macroeconômica brasileira”, acrescentou o executivo da ABSolar lembrando que do ponto de vista da energia fotovoltaica a tendência de preços é de queda no mercado internacional. Segundo ele, no ano passado esse recuo foi de 5% a 6%.

Para Thaís Prandini, diretora da Thymos Energia, no balanço entre a redução dos preços da solar no ano passado e a deterioração das condições macroeconômicas nacionais o preço da energia eólica pode ficar com um aumento de, no mínimo, essa variação do dólar. Ou seja, de um valor médio no leilão de 2014 de R$ 215/MWh poderá ficar em cerca de R$ 280/MWh, resultado dessa expectativa do preço da fonte ficar atrelada à elevação da moeda norte-americana.

“O capex da solar, infelizmente ainda é muito impactado pelo dólar, diferentemente da eólica. Qualquer aumento da cotação afeta diretamente o custo do investimento e da energia”, explicou a executiva da Thymos. “A energia solar ficará mais cara, e eu falaria que, basicamente, pode apresentar aumento na mesma proporção do dólar”, indicou. Apesar disso, Prandini, descarta a possibilidade de  que o governo federal eleve muito o preço teto em relação ao leilão do ano passado. Para ela, a expectativa é de que não fique significativamente acima dos R$ 262/MWh. Isso porque poderíamos ter um novo pacote de condições para a fonte e readequar seu preço.

Nesse sentido, Sauaia disse que a entidade busca condições que a fonte eólica já possui como a isenção permanente do IPI, mas isso, para um cenário de médio e longo prazo. Essa medida seria válida para os cinco mais importantes pontos de investimentos em uma usina dessa modalidade: módulos, inversores, estruturas de sustentação, cabos e conectores elétricos. “Isso é fundamental para avançarmos e termos ganho de competitividade”, apontou o representante da ABSolar.

Outra medida que poderia melhorar as condições desse certame, disse Sauaia, é a extensão de 20 anos para 25 anos do contrato de energia de reserva e, consequentemente, da amortização do financiamento do BNDES. Esse prazo acabaria se concatenando com a atual estimativa de vida útil dos painéis fotovoltaicos.

Ao deixar a análise do cenário macroeconômico de lado, Sauaia, destacou que essa iniciativa de promover um leilão específico para a fonte é um passo importante. Ele diz que esse é o tipo de sinalização do poder executivo que favorece o desenvolvimento da fonte e da cadeia produtiva local. E reportou que os fabricantes olharam para essa novidade com otimismo já que passa a sinalização de continuidade, essencial para o setor atrair investimentos de médio e longo prazo.