26/10/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Canal Solar
Para especialistas, empresas de GD poderão realizar parcerias com comercializadoras varejistas para ampliar seus ganhos
A abertura do Mercado Livre de Energia poderá possibilitar uma expansão de mais de 7 GW médios no setor elétrico nacional a partir de janeiro de 2024 – data em que, pela regulação atual, todos os consumidores acima de 2,3 kV poderão adquirir energia de um comercializador a preços negociados, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
Entretanto, com a chegada deste mercado, muitos integradores que trabalham com a venda de kits fotovoltaicos no segmento de micro e minigeração distribuída acreditam que perderão espaço no setor de energia solar a partir da ampliação do ACL (Ambiente de Contratação Livre).
Tal pensamento foi o principal assunto debatido por profissionais do setor fotovoltaico que participaram do painel de discussão sobre Mercado Livre de Energia, no segundo dia de palestras do Canal Conecta 2023.
Para eles, a afirmação não é correta, uma vez que o i ntegrador poderá realizar parcerias com as comercializadoras de energia varejistas para ampliar ainda mais os seus negócios. Ou seja, a abertura deste mercado é considerada, por eles, como ótima para todos os segmentos ligados às fontes renováveis.
“Vemos essa abertura de mercado com bons olhos, justamente para que o consumidor consiga ter uma energia mais competitiva e um ambiente para que o gerador consiga realizar os seus negócios com mais competitividade”, disse Gustavo Scrignoli, especialista de regulação e regras de comercialização na CCEE.
O executivo explicou que todo o mercado fotovoltaico já vem se estruturando por meio dos agentes varejistas, que nada mais são do que uma espécie de corretora dos pequenos consumidores e geradores que almejam migrar para o Mercado Livre de Energia por meio da CCEE.
“A Varejista será o grande Hub entre consumidores e geradores. No caso da energia solar, o próprio gerador solar pode ser representado por varejistas na CCEE. Essa é uma grande vantagem, porque ninguém precisa saber das burocracias diárias da CCEE, já que o varejista fará isso em nome do gerador e do consumidor”, comentou Scrignoli.
Já Josiane Palomino, diretora de marketing do Grupo Comerc Energia, concordou com que disse o executivo da CCEE. Para ela, a abertura do Mercado Livre de Energia abre espaço e oportunidade para todos, principalmente, quando houver uma regulação mais bem definida sobre o assunto.
“O Mercado Livre de Energia no Brasil ainda precisa de ajustes regulatórios para se tornar escalável. Hoje, temos uma abertura de mercado que ainda está muito pautada em procedimentos e regras desenhados para o mercado atacadista, mas não temos dúvidas de seus benefícios”, pontuou ela.
Pedro Dante, sócio da Lefosse Advogados, pontuou que também está animado pela abertura do Mercado Livre de Energia, mas pontuou que para este mercado funcionar é preciso que os varejistas criem uma base sólida e financeira para comprar energia e não deixar os consumidores expostos. “O próximo passo de consolidação do mercado é que a gente consiga ter essa coerência de negócios sem grandes desligamentos”, destacou.
Já Bernardo Marangon, diretor da Exata Energia, que mediou o painel de discussão, salientou: “É importante desvencilhar a ideia de que a energia solar existe somente na GG (geração distribuída). Há também oportunidade para ela no Mercado Livre. Cabe aos profissionais do setor solar firmarem parceria com comercializadoras varejistas que sejam sérias e com robustez financeira. Estas empresas devem dar ao integrador todo apoio que precisa para atuar neste novo mercado”, comentou.