Mulheres extrativistas do interior do Amapá recebem kit de energia solar: ‘a gente vivia no escuro’

17/06/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo G1

Iniciativa “Pisco de Luz” instalou diversas placas de energia solar em 23 residências de mulheres sem acesso à energia elétrica

Não é incomum que pessoas de comunidades distantes do Amapá não tenham acesso ao serviço de energia elétrica. Esse era o caso das 23 famílias beneficiadas pelo projeto “Pisco de Luz” que instalou placas solares nas residências das integrantes da Associação de Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari.

Sem acesso à energia elétrica, as beneficiadas utilizavam lamparinas e geradores que precisavam de querosene e gasolina para funcionar, mas por conta do aumento no preço dos combustíveis, os itens tiveram que ser suspensos, deixando boa parte das famílias na escuridão.

“A gasolina hoje ‘tá’ muito cara, não temos mais condições de utilizar o gerador, como usávamos antigamente. Hoje só ligamos para jantar mesmo e olhe lá, usamos mais a lamparina mesmo” , explicou a conselheira fiscal da associação.

“A gasolina hoje ‘tá’ muito cara, não temos mais condições de utilizar o gerador, como usávamos antigamente. Hoje só ligamos para jantar mesmo e olhe lá, usamos mais a lamparina mesmo” , explicou a conselheira fiscal da associação.

Geralmente os objetos como as lamparinas e outros itens que precisam de combustível causam acidentes domésticos, como incêndios e até pequenas queimaduras. Por conta da tecnologia, as placas oferecem mais segurança e diminuem os riscos aos moradores.

O projeto é uma iniciativa do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), com apoio da Fundação Rainforest da Noruega.

“Antes a gente vivia no escuro e hoje eu ‘tô’ feliz na minha vida porque tenho luz dentro de casa. As noites eram difíceis, a gente tinha medo de levantar no escuro”, relembrou Meriaci Soares, integrante da associação de mulheres, e primeira pessoa a receber a instalação da placa.

A comunidade fica localizada no alto do Rio Araguari, entre a Floresta Nacional do Amapá (Flona) e a Floresta Estadual, que são unidades de conservação de uso sustentável.

As famílias receberam um kit contendo: uma placa fotovoltaica pequena de 10W que é ligada a um bloco inteligente com bateria de lítio, capaz de iluminar até 7 cômodos. Além de 5 lâmpadas de LED e interruptores instalados pelos voluntários do projeto.

Cada placa tem capacidade de fornecer energia por até 5 dias, se carregada por 2 horas. O coordenador do programa de Gestão da Informação do Iepé, Decio Yakota, explicou que o módulo presente na placa solar também permite o carregamento de equipamentos eletrônicos, como os celulares.

“Desenvolvemos um pequeno kit de energia solar para espaços residenciais. Através da placa solar, é possível manter uma iluminação, mesmo sem incidência solar, por até 5 dias […] o dispositivo também pode carregar aparelhos USB, rádios e celulares. A luminária possui uma série de funcionalidades”, contou Yakota.

Famílias receberam kit de energia solar no Amapá (Foto: Maria Silveira/Iepé/Divulgação)

Lamparina à querosene utilizada por famílias no Amapá (Foto: Maria Silveira/Iepé/Reprodução)