02/03/21 | São Paulo
Reportagem publicada no InfoSolar
Novos revestimentos de painéis solares de silício em formato de cruz podem melhorar seu desempenho em 40%. A conclusão veio de um trabalho científico produzido por acadêmicos da Universidade Carlos III de Madrid (Espanha) e Universidade Minia (Egito) e publicado na revista científica Solar Energy, que é editada pela Sociedade Internacional de Energia Solar.
Um dos autores da pesquisa, Mahmoud Elshorbagy, explica que o revestimento é uma metassuperfície (superfície composta de matérias artificiais que se repetem em um padrão). Essa camada é composta de uma estrutura nanométrica, ou seja, formada por partículas extremamente pequenas.
Tecnicamente, a cobertura utilizada pelos pesquisadores tinha formato de cruz e foi gravada nas células solares de silício em uma região por onde entra a luz solar. “As cruzes são preenchidas por materiais dielétricos, que são isolantes”, diz o estudo.
Esse tipo de construção facilita chegada luz do sol na camada do gerador fotovoltaico, e, por consequência, aumenta a produtividade e eficiência do equipamento. Elshorbagy explica na publicação que o revestimento pode ser feito em qualquer tipo de painel solar de silício ainda no período de fabricação, para que seja possível alcançar os melhores resultados.
Além do aumento do desempenho, o revestimento gera também uma eficiência de produção. A técnica ao permitir que a espessura da placa seja menor, resultando na economia de material durante a fabricação.
A pesquisa também teve a participação dos acadêmicos Eduardo López Fraguas, José Manuel Sánchez Pena, Braulio García Cámara e Ricardo Vergaz.
Inúmeras pesquisas pelo mundo estão contribuindo para o melhor desempenho dos painéis solares. Uma delas é o painel solar transparente, que pode ser usado como revestimento nas janelas e fachadas de edifícios, atingindo um novo recorde de eficiência de 8,1%.
Edifícios com fachadas de vidro podem ter um revestimento que reflita e absorva parte da luz, tanto a parte visível como a de infravermelhos do espetro, reduzindo a luminosidade e aquecimento dentro do edifício. Mas em vez de eliminar totalmente essa energia, os painéis solares transparentes podem reconduzir a energia para suprimir as necessidades energéticas do edifício.
O novo material é uma combinação de moléculas orgânicas criadas para serem transparentes no espetro visível e absorver no espetro infravermelho, uma parte invisível do espetro responsável por grande parte da energia da luz solar.
A versão de cor neutra do dispositivo foi criada com recurso a um elétrodo de óxido de índio e estanho. Foi também testado um elétrodo de prata que melhorou a eficiência em 10,8% com 45,8% de transparência. Só que a tonalidade verde dessa versão não é aceitável para se aplicar em janelas.
As células solares transparentes são avaliadas pela sua eficiência de utilização da luz, que descreve a quantidade de luz que chega à janela é convertida em eletricidade ou como luz transmitida para o interior.