31/07/20 | São Paulo
O setor de energia fotovoltaica teve uma parada abrupta em decorrência do avanço da Covid-19 pelo mundo, afetando a importação, a distribuição e a consequente expansão do mercado. Antes da pandemia, era esperado para este ano um crescimento de 260% na geração solar fotovoltaica distribuída no Brasil em comparação ao volume anual de 2019. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), que também estimava a geração de mais de 120 mil empregos no mesmo período, além de novos investimentos privados que poderiam ultrapassar a cifra de R$ 19,7 bilhões.
De acordo com Alex Magno, CEO da We Brazil Energy, rede de franquias especializada em importação e distribuição de equipamentos fotovoltaicos, todos os setores estão passando por dificuldades e o de energia fotovoltaica não é diferente, contudo sua empresa tem na criatividade sua principal aliada: “nós tínhamos uma vasta programação estabelecida com algumas fábricas quando tudo isso começou. Fomos então para home office e passamos a investir ainda mais no marketing com toda a equipe comercial focada em vendas futuras, dando condições especiais a nossos clientes e parceiros. Estamos também negociando junto aos nossos fornecedores para melhores condições de pagamento, além de desenvolver e incrementar ferramentas tecnológicas para assistência à distância aos franqueados”, ressalta.
Segundo Magno, as fábricas chinesas já têm disponibilidade de embarque, mas ainda não na velocidade que ofereciam anteriormente. “Algumas fábricas estão 95% automatizadas na produção. A retomada então é mais rápida. O que pode afetar a decisão de novos pedidos, além da disponibilidade das fábricas, é a disparada do dólar globalmente em reação aos efeitos da crise do vírus e da queda de preço do petróleo. Com isso, o preço dos equipamentos fotovoltaicos pode aumentar ou, ao menos, não sofrer a forte desaceleração prevista anteriormente”.
O gerente de engenharia da We Brazil Energy, Sílvio Carnieri, explica que o mercado de energia fotovoltaica é totalmente dependente da China, mesmo que existam fabricantes também no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha. “Para que as vendas sejam viáveis e vantajosas, os custos precisam ser equilibrados. O custo da produção nacional, por exemplo, chega a ser 25% superior ao importado. Alemanha e EUA, dentre outros, poderiam suprir essa demanda, mas o custo se torna inviável para o mercado ainda mais com a alta do dólar”.
Mesmo com tais obstáculos, Magno ainda projeta expansão em 2020. “O setor sempre mostrou sua força e potencial. Mesmo em momentos de forte recessão no país, como em 2015 e 2016, por exemplo, crescemos a taxas muito elevadas, de 300% ao ano. A We Brazil Energy, em particular, cresce 800% desde o início das suas operações, em 2015. O cenário atual é desafiador, mas apostamos que há como crescer. Existe uma fortíssima demanda retraída no nosso setor – avalia Alex Magno.
Para Rodrigo Sauaia, presidente do conselho de administração da ABSOLAR, mesmo em meio a um cenário incerto de pandemia global, o setor solar fotovoltaico deverá continuar crescendo em todo o mundo, incluindo o Brasil. “O crescimento será menor do que o inicialmente projetado, não há dúvidas disso. Mas, ainda assim, o ano de 2020 deverá apresentar um resultado final positivo. Com isso, não há dúvidas de que a fonte solar fotovoltaica, se bem incorporada como parte das medidas de recuperação da economia brasileira, será um instrumento chave para alavancar e acelerar a retomada de nossa sociedade”, assegura.
A fonte solar fotovoltaica já trouxe, no total, mais de R$ 26,8 bilhões em novos investimentos privados ao Brasil e gera cerca de 130 mil empregos acumulados desde 2012.