Os desafios e as oportunidades da energia solar fotovoltaica

15/03/18 | São Paulo

Abrinstal 

É grande o potencial de geração de energia solar no Brasil, segundo o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Lopes Sauaia, que falou sobre o panorama e as oportunidades no setor, nesta sexta-feira (09/03), na reunião da Câmara da Indústria de Energia da FIEMG. Presidida por José Luiz de Melo Aguiar, o grupo tem intensificado o debate sobre a produção de energias renováveis capazes de substituir, no futuro, a matriz energética do país e de gerar negócios para a indústria mineira.

Minas Gerais tem um grande potencial que começa a se destacar na aplicação desta tecnologia, liderando o ranking nacional no mercado da mini e micro geração distribuída solar fotovoltaica em residências, comércios, indústrias, prédios públicos e na zona rural. “O Estado tem excelente incidência de radiação solar, tarifas elevadas de energia elétrica, uma das melhores legislações estaduais do País que trata do desenvolvimento da fonte de energia solar, além de contar com fabricantes de produtos e equipamentos e acesso a crédito”, enumera Rodrigo Lopes Sauaia.

O Estado também é o segundo do país com usinas contratadas. A maior usina fotovoltaica da América Latina está localizada em Pirapora (MG), em um terreno do tamanho de 1,5 mil campos de futebol, sob um sol abrasador. “Esse é o ouro radiante do Norte de Minas”, diz.

Apesar de avanços, restam ainda muitos esforços por fazer. Por enquanto, apenas 0,2% da energia do Brasil é solar, segundo dados do Ministério de Energia. Sauaia listou alguns desafios, entre eles a necessidade de ampliação da capacidade de escoamento desta energia para que novos projetos possam ser desenvolvidos.

“Na geração distribuída também é fundamental que haja mais opções de boas linhas de financiamento para pessoas físicas para a democratização do acesso da população. Minas ainda precisa fazer uma lição de casa e ratificar seus incentivos tributários junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Existe uma Lei Complementar que exige que os estados alinhem seus incentivos”, comenta.

Ele também diz que é preciso haver um envolvimento maior do poder público, contratando e instalando essa tecnologia em escolas, hospitais e prédios da administração pública para reduzir custos com aenergia elétrica. Segundo ele, as oportunidades estão em todo o estado em setores como a construção civil e o de telecomunicações e nas áreas rurais.

Os leilões de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) também entraram na pauta da reunião. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia, Nelson Leite, a expectativa é que o governo continue com a contratação, de forma planejada e estruturada ano a ano. “Em 2016 tivemos um mau exemplo, com dois leilões cancelados, que trouxe prejuízos para a cadeia produtiva do setor. Em 2017, a retomada dos leilões. E para 2018 estamos na expectativa de um leilão em abril”, diz.

Ele ressaltou que a contratação para o mercado de energia deve voltar à normalidade com o fim da recessão. “Já tivemos uma retomada no ano passado, com o crescimento da ordem de 3,2% do mercado em relação ao ano anterior. Há uma expectativa de que com esse crescimento, os próximos leilões tenham demandas de contratação de mais energia, mas ainda não sei precisar a quantidade”, diz.

Para ele, os resultados do leilão de dezembro foram positivos para as fontes eólicas e solares. “Foi uma grande surpresa a solar ser vendida a um preço 50% maior do que o valor histórico dos leilões anteriores, o que mostra que ela está competitiva”, destacou.