Parlamento Europeu aprova energia nuclear e gás natural como recursos sustentáveis

06/07/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Diário de Pernambuco

Nesta quarta-feira (6), o Parlamento Europeu (PE) aprovou a inclusão do gás natural e da energia nuclear como investimentos que podem ser classificados como fontes de energia verdes. As atividades consideradas sustentáveis são, segundo o PE, fundamentais no combate contra as mudanças climáticas. A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, declarou que a decisão faz parte de um processo para evitar procedimentos menos viáveis que poderiam incorrer numa “lavagem verde”.

Em janeiro deste ano, a Comissão Europeia apresentou o projeto, no entanto ao longo dos últimos meses o PE demonstrou estar dividido quanto à aprovação deles para a taxonomia do bloco. Mas num momento em que a União Europeia busca alternativas para a dependência energética da Rússia e, apesar de haver um forte movimento contrário à inserção dos recursos no Ato Delegado sobre a Taxonomia da União Europeia (UE), a maioria dos eurodeputados votou a favor da resolução.

Em contrapartida, um grupo de ativistas ambientais protestou em frente ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França, contestando a decisão dos eurodeputados e chamando-a de “traição”. Para o eurodeputado português Francisco Guerreiro, que votou contra a proposta da Comissão Europeia, a adesão destes recursos foi um passo atrás dado pelo Parlamento Europeu. “Temos uma longa história de luta contra a energia nuclear, não temos centrais nucleares e não queremos estar dependentes de outros países”, apontou. De acordo com Guerreiro, a solução passaria por descentralizar a produção de energias renováveis que “são muito mais eficientes”, destacando como melhores opções a energia solar, hídrica e eólica.

Por outro lado, embora a proposta tenha avançado, o Parlamento Europeu assinalou que a inclusão das atividades econômicas deverá ser realizada sob determinadas condições, de forma a não prejudicar os princípios climáticos que os Estados-membros da instituição seguem. No caso das centrais nucleares, uma das condições para obterem a nova classificação passa por garantir que não emitem CO2, enquanto as de gás precisaram fazer uso das tecnologias mais recentes. “Uma vez que a Comissão acredita que o investimento privado em gás e atividades nucleares tem um papel na transição verde, propôs a classificação de certas atividades de gás fóssil e energia nuclear como atividades transitórias que contribuem para a mitigação das alterações climáticas. A inclusão de determinadas atividades é limitada no tempo e depende de condições específicas e requisitos de transparência”, diz a nota oficial do Parlamento Europeu.

O Ato Delegado de Taxonomia tem pó objetivo o aumento do investimento privado em projetos de gás natural e de energia nuclear e entrará em vigor a partir de 1 de janeiro de 2023.