17/06/22 | São Paulo
Levantamento fornece uma estimativa do impacto que as alterações previstas de temperatura e de radiação solar deve ter no país
Uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) avaliou a implicação das mudanças climáticas na geração de energia fotovoltaica no Brasil. O trabalho realizado no Departamento de Engenharia Agrícola verificou as condições e os locais que devem ser priorizados para obtenção de maior ganho da técnica e para que os empreendimentos tenham viabilidade a médio e longo prazos.
O levantamento fornece uma estimativa do impacto que as alterações previstas de temperatura e de radiação solar deve ter no potencial de sistemas fotovoltaicos no país. Os pesquisadores também concluíram que, em cenários de mudanças climáticas, a tecnologia utilizada atualmente nestes sistemas precisa ser atualizada com maior rapidez.
De acordo com a UFV, o estudo foi feito pelo doutorando Cristian Felipe Zuluaga e orientado por Flávio Justino. O mesmo chegou a ser publicado na Revista Renewable Energy.
Resultados
Segundo os autores, entre 2010 e 2019, a capacidade total instalada de sistemas fotovoltaicos aumentou quase 300% no mundo e é, atualmente, responsável por 3% da demanda global de eletricidade. No Brasil, os sistemas solares respondem por apenas 1,9% da matriz energética.
“Até 2070, a tendência é que a radiação seja muito favorável à instalação de plantas solares na região Norte. No Nordeste, o potencial de alto rendimento será entre março e outubro e menor no inverno, quando a demanda de energia é maior. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, mesmo que as temperaturas sejam mais altas com o aquecimento global, a radiação necessária à geração de energia tende a não favorecer o aumento de rendimento do potencial fotovoltaico”, citou o trabalho.
Ainda conforme Flávio Justino, a interação entre a temperatura e a radiação solar na região Norte favorece o uso de células fotovoltaicas. Já no Centro-Oeste, Sudeste e Sul os resultados mostram que o aumento de temperatura deverá influenciar negativamente.
Os pesquisadores calcularam que, se nada for feito, no cenário de mudanças do clima, a capacidade de geração de energia por meio de células fotovoltaicas será 4% menor do que é atualmente no Centro-Sul do país.
“Isso pode representar um prejuízo imenso para as empresas que não se adaptarem”, concluiu o professor Flávio Justino.
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