Pioneira no Brasil, usina termossolar entra em operação no Oeste Paulista

21/03/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo G1

Projeto foi implantado no complexo de Porto Primavera, em Rosana (SP). Geração de energia a partir do calor do sol permite maior controle na produção, mas precisa ser incentivada para obter condições de inserção em larga escala.

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) informou na tarde desta segunda-feira (21) que colocou em atividade, em Rosana (SP), a primeira usina termossolar no Brasil.

De acordo com a Cesp, a planta piloto é capaz de demonstrar que a tecnologia, também chamada de heliotérmica, é tecnicamente aplicável no contexto nacional e traz a vantagem de uma produção de energia elétrica controlável e menos suscetível aos impactos da intermitência da luz solar.

O projeto pioneiro foi desenvolvido pela companhia no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia Elétrica regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por meio da Chamada 019/2015 para projetos estratégicos, dedicada à fonte termossolar.

O trabalho foi implementado junto a parceiros estratégicos, contratados pela companhia para sua condução. Os produtos do projeto foram entregues à agência reguladora e estarão disponíveis aos interessados em investir ou continuar pesquisando sobre essa nova tecnologia no país.

Em desenvolvimento desde janeiro de 2017, o projeto recebeu R$ 57 milhões em investimento regulado pela agência para a construção e a integração de uma planta piloto de geração de energia termossolar ao Complexo de Energias Alternativas Renováveis da Usina Hidrelétrica (UHE) de Porto Primavera, que fica no Rio Paraná, na divisa entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O complexo conta também com estruturas experimentais de tecnologia solar fotovoltaica e sistemas de armazenamento de energia.

Segundo a Cesp, a planta piloto construída no Oeste Paulista possui capacidade de 0,5 MW, o suficiente para atender a 360 residências de consumo médio em torno de 180 kWh/mês.

Conhecido também como CSP, sigla do termo em inglês “concentrating solar power”, o tipo de tecnologia escolhido para a usina recém-inaugurada tem um processo semelhante ao das termelétricas, porém, utiliza o calor do sol como fonte, em vez de combustíveis fósseis e poluentes.

A Cesp construiu a planta com as chamadas calhas parabólicas, formadas por painéis compostos por espelhos côncavos, que seguem a posição do sol. O calor capturado aquece um fluido de transferência que circula por tubos posicionados na linha de foco dessas calhas, produzindo vapor que movimenta turbinas para, enfim, gerar eletricidade.

Vantagens e incentivos

Conforme a Cesp, a principal vantagem da tecnologia heliotérmica em relação às outras fontes renováveis intermitentes é a possibilidade de armazenamento de calor e utilização em momentos de maior interesse para o sistema elétrico. O fluido aquecido pode continuar fornecendo energia térmica para as turbinas mesmo após o pôr do sol.

“Em unidades de grande porte, essa geração se estende por até 18 horas, conferindo à usina capacidade de gerar energia mesmo sem a presença da fonte e proporcionando maior controle sobre os processos”, afirmou o gerente de Engenharia de Operação e Manutenção da Cesp, Luis Paschoalotto.

“Em unidades de grande porte, essa geração se estende por até 18 horas, conferindo à usina capacidade de gerar energia mesmo sem a presença da fonte e proporcionando maior controle sobre os processos”, afirmou o gerente de Engenharia de Operação e Manutenção da Cesp, Luis Paschoalotto.

Outra particularidade da tecnologia utilizada pela companhia é que os painéis são constituídos de espelhos de alumínio com filme refletivo, material com maior vida útil do que o vidro, utilizado na maioria das estruturas comerciais fotovoltaicas.

“A fonte termossolar tem potencial importante para geração de energia elétrica no Brasil, pois agrega o aspecto renovável a atributos importantes para a gestão do Sistema Interligado Nacional, como a capacidade de controle da produção e a inércia associada às máquinas rotativas. O calor produzido também pode ser aproveitado em outros processos industriais, como os de cogeração, e a produção de energia também pode ser associada à produção de eletricidade a partir de outro tipo de fonte, no modelo híbrido”, declarou Paschoalotto.

“A fonte termossolar tem potencial importante para geração de energia elétrica no Brasil, pois agrega o aspecto renovável a atributos importantes para a gestão do Sistema Interligado Nacional, como a capacidade de controle da produção e a inércia associada às máquinas rotativas. O calor produzido também pode ser aproveitado em outros processos industriais, como os de cogeração, e a produção de energia também pode ser associada à produção de eletricidade a partir de outro tipo de fonte, no modelo híbrido”, declarou Paschoalotto.

“Para que a tecnologia termossolar ganhe escala e competitividade na matriz elétrica brasileira, é necessário haver incentivo, pois a demanda de investimento para implantação, operação e manutenção ainda é significativamente superior à das fontes eólica e solar fotovoltaica”, explicou o gerente.

Hidrogênio verde

O Complexo de Energias Alternativas Renováveis da Usina Hidrelétrica (UHE) de Porto Primavera abriga também um projeto de P&D Aneel, que pesquisou o armazenamento de energia através do hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro.

A geração do combustível ocorre pela eletrólise da água, ou seja, quando uma corrente elétrica passa pela molécula da água e a divide em oxigênio e hidrogênio, consumindo energia elétrica e produzindo o hidrogênio, que é armazenado sem resíduo poluente.

As demais iniciativas de diferentes tecnologias desenvolvidas atualmente no complexo somam pouco mais de 1 MW. Há, ainda, uma estação solarimétrica que mensura, principalmente, parâmetros de radiação solar e dados meteorológicos.