25/03/20 | São Paulo
O acesso a fontes de energias limpas é um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) com metas a serem alcançadas por todos os países até 2030. A agenda, da qual o Brasil é um dos países signatários, visa a erradicação da pobreza, proteção do meio ambiente e um mundo onde as pessoas tenham mais paz e prosperidade.
Para que se faça um maior uso de fontes renováveis de energia no Brasil é importante, além da diversificação da matriz elétrica, democratizar seu acesso. Um caminho é a utilização da energia solar em empreendimentos econômicos para a população de baixa renda. Apesar dos esforços para aumentar a participação dessa energia na matriz brasileira, o acesso à tecnologia ainda é muito restrito a empresas ou consumidores individuais que têm condições de arcar com os custos dos sistemas de geração.
Com a instalação de módulos fotovoltaicos nos telhados dos prédios econômicos, é possível converter energia solar em energia elétrica. A carga gerada é transmitida para a rede de distribuição da concessionária de energia local e, ao final do mês, a energia produzida pelo sistema entra como saldo e é abatida da conta de luz.
Ao incluir a população de baixa renda nesse cenário, além da economia os moradores também reduzem os impactos das oscilações das bandeiras tarifárias, que afetam principalmente o consumidor residencial. Desde 2013, a tarifa residencial de energia subiu quase 90%, mais que o dobro da inflação no período.
Apesar de parecer um projeto distante da realidade, esse é um caminho possível e é mais viável do que parece. A MRV foi pioneira no setor ao lançar em 2017 o primeiro projeto piloto nesse sentido. Já foram entregues mais de 2500 unidades habitacionais com sistema de energia renovável, gerando mais de 1,8 milhão KWh, impactando mais de 8.000 pessoas e possibilitando uma economia de, aproximadamente, R$ 1 milhão.
Em apenas dois anos, 60% dos empreendimentos da construtora, entre entregues e em construção, possuem projetos de geração solar, podendo futuramente impactar cerca de 320 mil pessoas e com a adição no sistema de 16,5 GWh de energia por ano.
Além dos ganhos ambientais, essa iniciativa também fomenta toda a cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços para usinas fotovoltaicas.
A energia fotovoltaica no Brasil tem ganhado representatividade nos últimos anos, chegando a uma potência instalada de 3.481,4 MW em outubro de 2019. Apesar de ainda representar pouco na matriz elétrica brasileira, 1,3%, contra 61% da energia gerada por hidroelétricas, a participação vem crescendo ano a ano, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). De 2016 até hoje, a potência instalada cresceu mais de 1.300%.
Mesmo a realidade do Brasil hoje ainda ser distante dos países com maior geração solar, que tem a lista encabeçada pela China, com 176,1 GW de potência acumulada, em 2018 o país se aproximou da Holanda, em investimentos na área. O país europeu, que configura na 10ª colocação entre os maiores investidores nesse tipo de energia, investiu 1,3 GW, contra 1,2 GW investidos no Brasil no mesmo período, segundo dados da ABSOLAR.
O acesso à energia limpa e renovável, além de ser um dos objetivos da ODS, é um processo irreversível e global, ainda mais em um contexto de debates sobre as mudanças climáticas e o impacto da não preservação do meio ambiente na vida da população. Segundo a ONU, até 2050, energias renováveis poderão abastecer 80% da demanda mundial.
Para que possamos usufruir dos ganhos, tanto ambientais quanto econômicos dessas escolhas, é fundamental que essa energia seja democratizada e que todos possam ter acesso a ela, principalmente a população de baixa renda.