Portas abertas para o futuro

14/09/16 | São Paulo

Diário de Pernambuco 

O avanço de fontes de energia renovável na matriz energética mundial vai provocar uma revolução no mercado de trabalho. Estudo da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) estima que mais de 24 milhões de postos de trabalho podem ser criados até 2030. Hoje são 8,1 milhões de empregos relacionados à energia limpa no mundo. A China lidera com 3,5 milhões de vagas. O Brasil é o segundo país que mais emprega, com 961 mil ocupações. Fica à frente dos Estados Unidos (769 mil vagas) e da Índia (769 mil empregos). Antenados com a nova onda, os pernambucanos Josinaldo, Jullya e Filipe se preparam profissionalmente para agarrar as oportunidades que vêm dos biocombustíveis, ventos e sol.

Com experiência em biocombustíveis gerados do bagaço da cana-de-açúcar, Josinaldo Barros de Oliveira, 36, cursa o oitavo período de engenharia elétrica e tem planos para aprofundar os conhecimentos em solar e eólica para trabalhar na área energética. É a mesma pretensão de Filipe Mateus Barbosa de Almeida, 21, formado em engenharia civil e técnico em eletroeletrônica. Ele voltou à sala de aula para fazer o curso de energia solar do Senai. O foco de Filipe é a cogeração.

Jullya de Oliveira Clemente, 23, é formada em engenharia de energia pela UFPE e se dedica à pesquisa em eólica. A engenheira concluiu a graduação em 2015 e entrou no mestrado profissional no Centro de Energias Renováveis (CEER) da UFPE. Durante a graduação desenvolveu alguns projetos de energia em empresas privadas. Os planos de Jullya incluem o doutorado e a carreira acadêmica, contribuindo com a pesquisa de fonte eólica no país.

Com a pegada da sustentabilidade, os investimentos em energia renovável devem impulsionar novos negócios, gerar emprego e renda. Além de biocombustíveis, a biomassa e o biogás, as fontes solar fotovoltaica e eólica são as apostas do futuro. Os empregos são demandados em todas as etapas da cadeia produtiva: fabricação, instalação, operação e manutenção de sistemas de geração de energia limpa.

O estudo da Irena aponta a energia solar fotovoltaica como a maior empregadora de mão de obra, com 2,8 milhões de postos de trabalho ativos no mundo. Em segundo lugar estão os biocombustíveis líquidos (etanol), responsáveis por 1,7 milhão de empregos. A energia eólica se destaca com 1,1 milhão de empregos. No Brasil, as usinas eólicas empregam 41 mil pessoas. Com 10 GW de potência instalada, as usinas eólicas empregam 41 mil pessoas no Brasil. A expectativa é que esses empregos se multipliquem com a duplicação da atual capacidade de 10 GW de potência instalada para 20 GW até 2020.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) estima que são criados 15 empregos para cada MW instalado. “O Brasil está instalando por ano cerca de 2,5 GW de eólica. São 15 mil empregos para cada GW. Estamos entre 2 GW e 2,5 GW por ano. Isso significa a geração de 40 mil postos de trabalho por ano”, comenta Élbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

A boa radiação solar em todas as regiões também desponta como fonte de novos empregos. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) estima que o setor empregue entre 25 e 30 trabalhadores para cada MW instalado por ano. Já são 4 mil pessoas empregadas no país. “A nossa expectativa é que o setor possa gerar entre 20 mil e 60 mil empregos diretos até 2020”, pontua Rodrigo Lopes Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR.