Primeiro sistema de baterias em larga escala do Brasil entra em operação

01/12/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Canal Solar

A ISA CTEEP deu início a operação comercial do primeiro projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala no sistema de transmissão brasileiro.

O sistema de baterias está instalado na Subestação Registro (SP), também operada pela companhia, e ocupa uma área de aproximadamente 5 mil metros quadrados, o equivalente a metade de um campo de futebol.

Segundo a empresa, ao todo, são 180 racks de baterias de lítio, que foram produzidas na China e utilizam a tecnologia mais moderna disponível atualmente no mercado.

Os sistemas de baterias têm 30 MW de potência, são capazes de entregar energia de 60 MWh por duas horas e atuarão nos momentos de pico de consumo do Litoral Sul Paulista, durante o verão, como um reforço à rede elétrica, assegurando fornecimento adicional.

Na prática, isso significa que a tecnologia evitará interrupção no fornecimento de energia devido ao excesso de demanda deste período e, portanto, trará mais segurança e confiabilidade na prestação do serviço à sociedade.

É estimado que cerca de dois milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas. Além das baterias, o escopo do projeto traz ainda inversores, transformadores, softwares de gestão de energia e sistemas de automação, proteção e controle.

Para Rui Chammas, diretor-presidente da ISA CTEEP, a implantação deste projeto pela ISA CTEEP alavanca a participação da empresa neste tipo de empreendimento e no uso de novas tecnologias, posicionando-a na vanguarda da inovação no setor de transmissão brasileiro.

“Esse projeto nos permitiu desenvolver mais conhecimento e tecnologia e acreditamos, por seu pioneirismo, que será um grande laboratório para o setor. As baterias têm muito potencial para contribuir com a transição energética, que acontecerá de modo eficiente tendo a transmissão de energia como eixo central. Estamos muito orgulhosos em entregar para a sociedade mais um projeto que contribui com o nosso propósito de geração de valor sustentável”, explica Chammas.

A empresa recebeu o TLP (Termo de Liberação Parcial), com pendências não impeditivas, e fará jus ao recebimento de 90% da RAP (Receita Anual Permitida) de R$ 27 milhões. O investimento da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) é de R$ 146 milhões. Ambos os valores são referentes a junho de 2021, conforme a Resolução Autorizativa 10.892/2021 da ANEEL.

Segundo o estudo “Sistemas de Armazenamento em Baterias – Aplicações e Questões Relevantes Para o Planejamento”, da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a expectativa é de que o mercado global de armazenamento receba investimento de US$ 660 bilhões até 2040, devido à queda nos preços das baterias.

“Nesse sentido, as baterias mostram ser uma solução, porque dispõem de diversas aplicações, como o alívio de pontos de maior carregamento do sistema elétrico, em serviços ancilares, como controle de tensão e frequência, serviços de reserva de capacidade de potência e na compensação da variabilidade de geração de energia eólica e solar, possibilitando maior integração dessas fontes renováveis ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, consequentemente, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e as emissões de Gases de Efeito Estufa”, afirma a ISA em nota.

Ainda de acordo com a companhia, Essas características fazem das baterias um item essencial quando falamos de transição energética e ainda contribuem com o avanço da descarbonização, da descentralização e da digitalização, pois facilita a inserção de fontes renováveis; reduz custos de operação e expansão do sistema, já que permite postergar a construção de grandes projetos; aumenta a integração de fontes energéticas econômicas; pode ser reutilizada em outros pontos estratégicos da rede que precisem de reforço no sistema elétrico devido à sua rápida implantação, mobilidade e modularidade.

O armazenamento de energia em baterias em larga escala foi uma solução proposta pela ISA CTEEP, apoiando os estudos do planejamento setorial, para evitar o acionamento de geradores a diesel (uso equivalente de 350 mil litros do combustível).

A solução, além de menos poluente, não causa o mesmo ruído dos geradores e elimina o transporte de diesel para manter o contínuo abastecimento dos equipamentos, o que também contribui para a descarbonização do sistema.

Com isso, é estimado que seja evitada a emissão de 1.194 toneladas de GEE (Gases de Efeito Estufa), em dois anos da tecnologia em operação, além da realização de obras em áreas de preservação ambiental, como o Parque Estadual da Serra do Mar.

Durante a obra, executada em tempo recorde (nove meses de duração), foram gerados cerca de 250 empregos diretos.