Produzir eletricidade em casa? Entenda por que aumentou o número de conexões de energia solar na região de Piracicaba

30/07/23 | São Paulo

Publicado no G1

Produzir energia elétrica em casa, de forma sustentável, econômica e sem gerar resíduo parece coisa do futuro. Mas é uma realidade na maioria dos municípios brasileiros, com a energia solar fotovoltaica. A região de Piracicaba (SP) soma 14,9 mil conexões do tipo, a maioria em imóveis residenciais – entenda como funciona esse tipo de usina e por que cresceu tanto.

A energia fotovoltaica é a produção de eletricidade a partir da luz do sol. São placas instaladas no telhado ou no chão mesmo, que captam a luz do sol e transformam em energia – trazendo economia na conta de luz, além de ser uma forma sustentável de produzir energia.

Capacidade de produção da energia solar no primeiro semestre de 2023 supera todo o resultado de 2022

Conforme os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 14.995 conexões ao todo nas 18 cidades da área de cobertura do g1 Piracicaba. O crescimento da quantidade de “usinas” residenciais ou comerciais na região causa espanto, mas segue uma tendência já esperada pelo setor.

Limeira (SP) é a cidade da região com maior número de usinas instaladas. São 4.521 ao todo, a maioria residencial. Já Piracicaba (SP) tem 4.343 conexões do tipo – também com a maioria em casas.

Em toda região, quase 85% das instalações são em residências. Veja no gráfico:

️Como funciona a energia solar?

E como é possível gerar energia apenas com a luz do sol? Segundo Barbara, isso acontece por conta do chamado sistema fotovoltaico, por meio de um processo físico dos materiais usados nos módulos – que são aquelas placas de energia solar que se vê pelos telhados ou no campo.

Para gerar a energia em casa, comércio ou indústria, é necessário instalar as placas de energia fotovoltaicas. A partir daí, os sistema trabalha “sozinho”.

“O material que a gente usa é um módulo, formado de células de silício, que é um material altamente condutor. A luz do sol bate nesse módulo e isso gera uma corrente de produção de energia feita a partir de uma excitação dos elétrons que a gente tem dentro desse módulo. É um processo físico mesmo.”

Esse efeito faz a produção de energia elétrica. Ela ressalta que é diferente de um sistema de aquecimento solar. No caso da energia fotovoltaica, não é necessário calor, apena luz. Então é possível produzir energia mesmo em lugares mais gelados – desde que tenha a luz do sol.

“A maior parte das pessoas acha que lugares muito quentes são bons para energia solar, e na verdade a gente precisa de lugares com muita irradiação, que tenha pouca nuvem, mesmo que sejam lugares mais frios. A gente precisa da luz e não do calor.”

O modelo de energia fotovoltaica também é mais sustentável porque não gera resíduos para produzir a energia, diferente de outras formas.

“Com a energia solar, depois que o módulo foi fabricado e está instalado, a gente vai usar a luz do sol para produzir essa energia elétrica. A gente não tem uma geração de resíduo no momento da produção da energia elétrica. Isso faz com que essa energia seja mais sustentável”, completou.

Economia

Segundo Barbara, a economia foi um dos fatores que impulsionou o crescimento das conexões de energia solar fotovoltaica na região e em todo Brasil. Isso acontece porque, uma vez que o sistema esteja instalado corretamente, há uma economia relevante na conta de luz.

Isso acontece porque o sistema é conectado na rede da distribuidora de energia – em Piracicaba, por exemplo, é a CPFL Paulista. E então há duas coisa que acontecem que geram a economia:

Enquanto a pessoa está gerando e consumindo a energia ao mesmo tempo – como um comércio aberto durante o dia, a energia produzida é consumida instantaneamente. “Isso já é uma economia porque significa que naquele momento a pessoa deixa de consumir a energia que é vendida pela companhia.”

Em uma segunda situação, quando ela produz energia, mas não está consumindo, como uma loja que não abre aos domingos, a energia é injetada na rede. “Aí no final do mês a concessionária vai “devolver” essa energia que você injetou na sua conta de luz na forma de uma economia. A gente chama isso de sistema de compensação de energia elétrica”, explicou Barbara.

Segundo a Absolar, com o sistema é possível gerar uma economia de até 85% na conta de energia. A estimativa da associação é que o investimento usado para instalação da usina seja retornado em até cinco anos.

Tendência para o futuro

O ritmo de crescimento do número de conexões na região, e em todo Brasil, tem acelerado. Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Barbara Rubim, a tendência para os próximos anos é continuar a crescer.

Somente em 2023, até o meio de julho, foram 3.018 novas instalações na região de Piracicaba, conforme os dados da Aneel. Já em 2022 inteiro foram mais de 6 mil novas instalações. Veja no gráfico:

“De 2015 a 2022 a tarifa de energia subiu em uma média nacional mais de 85%. O consumidor praticamente dobrou a conta de luz, consumindo a mesma coisa que consumia antes”, argumentou.

“Vale destacar, que hoje quando a gente olha para um comércio, a conta de luz é o segundo maior custo fixo desse comércio. Só perde para a folha de pagamento dos funcionários. E quando a gente olha para uma residência de classe média baixa ou de classe média, a conta de luz é um dos principais componentes do orçamento familiar.”

Ela afirma que a tendência é cada vez mais os consumidores buscarem soluções para economia. “Para alguns consumidores a solução vai ser investir em um sistema fotovoltaico, ele instalar no telhado. Para outros vai ser alugar por exemplo um pedacinho de uma usina.”