29/03/21 | São Paulo
Reportagem publicada em Finanças Yahoo!
O retorno à Lua envolve muitas etapas e desafios, dentre eles a obtenção de energia para abastecimento das futuras bases lunares. O lugar mais viável para o estabelecimento destas bases, até o momento, é ao polo sul lunar, ali pela região da cratera Aitken — no lado afastado da Lua. Portanto, o programa 2021 NASA Innovative Advanced Concepts (NIAC), supervisionado pelo Space Technology Mission Directorate (STMD), da NASA, selecionou cerca de 16 projetos em sua primeira fase, dentre os quais se destaca o conceito Light Bender, que pretende capturar energia solar através da óptica de lentes de vidro.
Através de um sistema de óptica inspirado em heliostatos — ferramentas que acompanham a luz solar e a redirecionam para um alvo —, o pesquisador do Centro de Pesquisa Langley, da NASA, Charles Taylor, propôs o conceito do Light Bender, que seria capaz de suprir as necessidades dos astronautas que farão parte do programa Artemis e outros programas de presença permanente na Lua.
As lentes seriam do tipo refletoras, responsáveis por capturar, concentrar e focalizar a luz, enquanto outra lente ajustaria os feixes de luz para um alvo. A luz seria distribuída para fontes localizadas a cerca de 1 km de distância e recebidas por matrizes fotovoltaicas de tamanho estimado entre 2 a 4 metros de diâmetro e, assim, convertendo a luz solar em eletricidade.
Em teoria, este conceito é superior às alternativas como o feixe de energia a laser, pois, segundo Taylor, converte luz em eletricidade de forma direta. Já os meios tradicionais de distribuição de energia dependem de um grande volume de cabos — o Light Bender pretende reduzir em até cinco vezes essa quantidade. Além disso, o nível de energia fornecido pelo sistema pode aumentar conforme o tamanho dos espelhos primários, das ferramentas receptoras, também aumentam.
Os projetos selecionados pelo programa NIAC receberam inicialmente um subsídio de U$ 125 mil da NASA. O conceito Light Bender agora segue em estágio inicial e, na primeira fase do programa, a equipe responsável avaliará aspectos como possíveis problemas que podem comprometer sua execução, assim como a melhor maneira de projetar as lentes que serão implantadas de maneira autônoma na superfície lunar. Ao fim desta fase de estudos, os projetistas envolvidos na fase um do programa, inclusive os responsáveis pelo Light Bender, poderão se inscrever na fase dois.
Segundo a diretora de inovações e parcerias em estágio inicial da Diretoria de Missão de Tecnologia Espacial da NASA (STMD), Jenn Gustetic, o programa é conhecido por projetos que sonham alto, ao proporem tecnologias que podem se aproximar das fronteiras com a ficção científica. “Não esperamos que todos eles se concretizem, mas reconhecemos que fornecer uma pequena quantidade de sementes, o financiamento para as primeiras pesquisas poderia beneficiar a NASA muito no longo prazo”, acrescenta Gustetic.
Outros projetos selecionados pela fase um do programa NIAC podem ser consultados na página da NASA.
Fonte: Canaltech