Reino Unido quer construir usina de energia solar no espaço até 2035

12/05/22 | São Paulo

Reportagem publicada pela Época Negócios

O projeto ajudaria o governo britânico a atingir a meta de zerar emissões de gases do efeito estufa

Mais de 50 organizações de tecnologia britânicas, incluindo a fabricante aeroespacial Airbus, a Universidade de Cambridge e a fabricante de satélites SSTL, aderiram à Iniciativa de Energia Espacial do Reino Unido, lançada com o objetivo de explorar opções para o desenvolvimento de uma usina de energia solar no espaço até 2035.

De acordo com o Space, o projeto aposta que a transmissão de eletricidade do espaço usando o sol pode ajudar o Reino Unido a atingir sua meta de zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050 de forma mais econômica do que muitas tecnologias existentes.

Durante participação na conferência Toward a Space Enabled Net-Zero Earth, realizada em Londres, Martin Soltau, presidente da iniciativa, afirmou que toda a tecnologia necessária para desenvolver uma usina de energia solar baseada no espaço já existe.

O trabalho é baseado em um levantamento de engenharia realizado pela consultoria Frazer-Nash e encomendado pelo governo do Reino Unido no ano passado. “O estudo concluiu que isso é tecnicamente viável e não requer nenhum avanço nas leis da física, novos materiais ou tecnologia de componentes”, disse Soltau.

Na mesma conferência, Andrew Ross Wilson, pesquisador de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Strathclyde, na Escócia, concordou que uma estação de energia solar baseada no espaço é um projeto realista.

“O conceito existe desde a década de 1960”, apontou ele, acrescentando que entre os desafios para fazer essa planta funcionar está a questão do que aconteceria com a estrutura gigante depois que ela chegasse ao fim de sua vida útil. “Precisamos tentar analisar a reciclagem em órbita para realmente ir em direção a uma economia mais circular.”

Conceito modular

Segundo Soltau, o plano de desenvolvimento é de 12 anos, período no qual já poderá ser vista uma usina de demonstração, montada por robôs em órbita, irradiar gigawatts de energia do espaço para a Terra.

O Space destaca que o projeto explora um conceito modular chamado CASSIOPeiA (Constant Aperture, Solid-State, Integrated, Orbital Phased Array ou Abertura Constante, Estado Sólido, Integrado, Matriz Orbital Faseada, em português), desenvolvido pela empresa de engenharia britânica International Electric Company.

Essa natureza modular da usina em órbita significa que ela pode ser expandida após a fase de demonstração. Mas mesmo o demonstrador seria gigante, com vários quilômetros de diâmetro, e orbitaria 36 mil quilômetros acima da Terra.

“As principais funções do satélite são coletar a energia solar por meio de espelhos grandes e leves e concentrar a energia em células fotovoltaicas, assim como fazemos na Terra”, relatou Soltau. “Eles produzem eletricidade de corrente contínua, que é então convertida em micro-ondas por meio de amplificadores de potência de radiofrequência de estado sólido e transmitida em um feixe de microondas coerente para a Terra”.

Segundo os pesquisadores, a CASSIOPeiA é que ele produziria muito mais eletricidade do que qualquer usina solar terrestre de tamanho semelhante. Na comparação entre um painel solar colocado no Reino Unido e um idêntico instalado no espaço, este segundo colheria 13 vezes mais energia.

Outra vantagem é que a usina espacial não sofreria com o problema de intermitência, que assola a maior parte da geração de energia renovável na Terra.

Para receber a energia do espaço, o sistema presaria de uma antena gigante baseada na Terra. Apelidada de rectenna, o equipamento receberá a radiação de micro-ondas enviadas do espaço e as converterá em eletricidade de corrente contínua, que é usada para transmissão de alta tensão.

A estrutura funciona como uma rede aberta de antenas de 7 por 13 quilômetros de tamanho. “Isso é muito grande, mas no contexto do Reino Unido, ocuparia apenas cerca de 40% da área de uma fazenda solar equivalente”, finaliza Soltau.

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Reino Unido planeja construção de planta de energia solar no espaço (Foto: Space Energy Initiative/Reprodução)