Representantes do empresariado veem acertos e ressalvas em fala de Lula

02/01/23 | São Paulo

Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo

Mensagem de que não há ânimo para revanche acalma receio com polarização

Representantes do empresariado viram acertos nas falas de Lula neste domingo (1º), mas deixaram ressalvas. A mensagem de que não há ânimo para revanche acalmou preocupações sobre a manutenção do clima polarizado.

Parte das falas do presidente incomodou, como as críticas ao teto de gastos e a sinalização de mudança na lei trabalhista, mas não surpreendeu. Reservadamente, a avaliação é a de que Lula poderia ter feito menção mais contundente à reforma tributária..

Para Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (indústria do plástico), foi bom ver Lula reforçar a importância do incentivo à reindustrialização e do combate à desigualdade.

“Diminuir a desigualdade significa criar empregos de boa qualidade. O Brasil não pode continuar a ser um país exportador de commodities. Precisa agregar valor aos seus produtos e serviços. Ele acertou ao falar na necessidade de união sem revanchismo e precisa disseminar a importância disso para sua equipe”, disse Roriz.

Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, que representa a indústria farmacêutica, diz que o setor espera previsibilidade. “A indústria farmacêutica instalada no Brasil, independentemente da origem do capital, tem certeza de que o governo Lula respeitará os contratos e trará previsibilidade para o desenvolvimento da nossa indústria no país.”

Para Sergio Mena Barreto, da Abrafarma, que reúne as grandes redes do varejo farmacêutico, o tema principal é saber que o Farmácia Popular será retomado pelo novo governo. “O programa vinha sendo sucateado e carecendo de instrumentos modernos de gestão”, afirma.

Segundo Barreto, a Abrafarma realizou, com o Insper, um estudo do programa Aqui Tem Farmacia Popular e apresentou o relatório à equipe de transição. “Esperamos poder discuti-lo em breve com a equipe que assumirá o Ministério da Saúde”, diz.

Segundo Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR (associação de energia solar), o setor considera positiva a indicação de compromisso do novo governo com a transição energética e a neutralização de gases do efeito estufa na matriz energética.

No setor de educação, Celso Niskier, reitor da UniCarioca e presidente da ABMES (associação das mantenedoras do ensino superior), elogiou o discurso de inclusão social e disse que o setor quer contribuir com essa agenda.