19/10/21 | São Paulo
Residências que buscam a economia de água e energia e também uma coexistência em harmonia com o meio ambiente já são realidade no mercado. A procura por esse tipo de projeto cresce a cada ano no interior paulista.
Crise hídrica, energética e mudanças climáticas: esses são alguns dos motivos para reacender o debate sobre sustentabilidade. Pensando em acompanhar as demandas ambientais e sociais, projetos de construção imobiliária buscam iniciativas para incentivar moradias e ambientes sustentáveis, no centro-oeste paulista.
As chamadas “Construções Verdes” são conhecidas por usar a tecnologia e a inovação para integrar a construção à natureza, proporcionando menores custos e melhor saúde, conforto e produtividade para seus ocupantes.
O conceito de sustentabilidade é fundamentado em três pilares: ambiental, social e econômico. Para ser considerada moradia sustentável, o empreendimento deve conter cisternas (reservatório de água da chuva), placas solar (geração de energia natural), placas voltaicas (aquecimento de água) ou grandes vãos (iluminação e ventilação natural).
Isso porque, diminuem o desperdício de materiais e de energia e o consumo de recursos, tanto durante a sua construção quanto ao longo da sua utilização. Além disso, incentivam um estilo de vida mais ecológico, minimalista e natural.
Segundo o engenheiro civil de Bauru (SP), Luiz Augusto Braga Franzolin, de 38 anos, em entrevista para o g1, a demanda por apartamentos no edifício sustentável Yunis cresceu, principalmente pelo retorno monetário significativo.
As placas fotovoltaicas, por exemplo, instaladas no empreendimento, geram energia para áreas de lazer, para o elevador e para áreas comuns do condomínio, o que faz com que os custos para o condômino sejam reduzidos.
“O nosso objetivo com o dimensionamento das placas voltaicas é que elas reduzam acima de 90% do custo da energia das áreas comuns do empreendimento. Isso é muito atrativo considerando o aumento das tarifas de energia no país.”
Em busca da sustentabilidade: investindo no futuro
Apesar do interesse maior dos moradores por imóveis sustentáveis, ainda existe um mito de que apenas às pessoas de “classe alta” podem investir nesses itens que os compõem. Inclusive, as soluções relacionadas à crescente preocupação com a sustentabilidade estão disponíveis em maior ou menor escala.
Segundo o arquiteto urbanista, João Rogelio Alvares Reche, de 35 anos e morador de Piratininga (SP), em entrevista para o g1, graças à evolução tecnológica os custos para construção de um projeto sustentável variam apenas de 4 a 8% a mais em relação a uma moradia tradicional.
Ao longo prazo, a rentabilidade do investimento compensa muito o valor inicial do imóvel, uma vez que esses diferenciais geram economia nas contas de luz e energia, além de colaborar diretamente com o meio ambiente.
Para mais, o arquiteto conta que, no momento, cerca de 20% dos clientes buscam por construções sustentáveis e praticamente 100% deles aderem pelo menos um dos itens – sejam as placas fotovoltaicas ou as cisternas.
Moradores conscientes
A publicitária Luise Roberta Rosário Dionísio, de 26 anos, moradora do Edifício Yunis, conta, em entrevista para o g1, que o principal fator que influenciou na escolha do imóvel foi a estrutura voltada para a sustentabilidade.
Essa consciência ambiental é consequência dos danos percebidos em vários âmbitos, que afetam os moradores dos municípios do interior paulista e prejudicam a qualidade de vida. No caso, Luise relata que a falta de água pode ser evitada com as cisternas.
“Foi essencial saber que o edifício faz a coleta e separa o lixo, cuida do meio ambiente e principalmente faz o uso das cisternas que recolhem a água da chuva. Bauru enfrenta um problema grave de falta de água e por isso a preocupação.”
Outro morador do mesmo edifício, o empresário Fausto Renato Moreno da Silva, em entrevista para a Tv Tem, diz que mesmo com tantos aparelhos tecnológicos funcionando ao mesmo tempo consegue manter as contas de energia a R$ 130.
“Eu tenho 7 ar condicionados e a gente usa ele diariamente, então seria um gasto muito alto. Mas, com as placas fotovoltaicas do imóvel não fico com a preocupação do consumo.”
VÍDEOS: assista às reportagens da região
Sustentabilidade e economia: edifício aposta em painéis fotovoltaicos (Foto: João Rogelio Alvares Reche /Arquivo Pessoal)
Cisternas que reutilizam a água da chuva fazem parte do empreendimento sustentável de Bauru (Foto: Franzolin /Divulgação)
Placas fotovoltaicas no topo do edifício sustentável em Bauru (SP) (Foto: Franzolin /Divulgação)
Reservatórios de água potável e água quente das placas solares para duchas e torneiras (Foto: João Rogelio Alvares Reche /Arquivo Pessoal)
Fausto Renato Moreno da Silva, empresário e morador do edifício sustentável Yunis (Foto: Tv Tem /Reprodução)