RS deve dobrar produção de energia solar em 2022, projeta setor

06/08/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo G1

Responsável por 11% de toda a energia solar gerada no país, o Rio Grande do Sul deve dobrar a produção neste ano , conforme projeção da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica. Em junho de 2021, o Rio Grande do Sul produzia 747,9 megawatts de energia solar. No mesmo mês deste ano, esse número saltou para 1,3 gigawatts. Até o fim de 2022, a geração deve quase dobrar, chegando perto dos 2 gigawatts.

A alta ganhou força desde a aprovação de uma lei federal que instituiu o Marco Legal da Geração Distribuída. Pela nova legislação, quem pedir a instalação até 6 de janeiro de 2023, segue na regra atual até 2045 e recebe de volta, como desconto cada kilowatt gerado. Quem deixar para depois vai pagar tarifa.

“Saímos da crise hídrica, de bandeiras tarifarias elevadas, então a energia solar vem como uma solução nesse âmbito e se soma com a mudança regulatória”, diz a coordenadora da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica no RS, Mara Schwengber.

No Brasil, o RS ocupa a terceira colocação entre os estados que mais geram energia solar.

Empresas do setor de instalação dessa tecnologia projetam uma demanda ainda maior nesse período. Em uma delas, em Santa Cruz do Sul , as vendas dispararam.

“A ideia é já ter um crescimento para esse ano na ordem de 70%, 75%. Estamos preparados para isso, inclusive estocados”, afirma o diretor comercial, Mauro Soares.

Economia A economia gerada pela instalação das usinas residenciais e comerciais é o que o consumidor mais tem buscado. Em Santa Cruz do Sul, o securitário Douglas Goetze conseguiu reduzir a conta de luz de uma média de R$ 200 para R$ 50. Isso, mesmo com a chegada do segundo filho do casal.

“Com criança pequena no inverno a gente precisa utilizar aquecedor, chuveiro, tudo mais do que antes. Agora a gente pode utilizar bastante os itens a mais, itens novos, então, nossa, vale muito a pena”, diz Douglas.

Mesmo com a taxação prevista, de acordo com a ABSOLAR, quem deixar para fazer a instalação no ano que vem, ainda deve ver a conta de luz reduzir.

“Vai continuar valendo a pena, a questão é que o modelo atual de compensação de um para um vai mudar, então o usuário não vai ter mais cem por cento do benefício como tem hoje, mas ele vai continuar tendo a redução na sua conta de energia de uma maneira gradual, pagando algumas parcelas da tarifa de energia”, pontua Mara Schwengber.

Além da economia, os consumidores também procuram sustentabilidade. De acordo com o professor da Universidade de Santa Cruz do Sul, Fabiano Ferreira, uso da energia solar evita que se use o sistema tradicional de geração do país, como hidrelétricas e termoelétricas, diminuindo os impactos ambientais.

Cidades Atualmente, quatro cidades gaúchas lideram a produção de energia solar na região sul do país. O ranking tem na ponta Caxias Sul, seguido de Santa Maria Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul.

A demanda faz com que cresça também o número de vagas abertas no setor. Uma das empresas que faz a instalação dos painéis solares no Vale do Rio Pardo precisou dobrar a equipe.

“É uma profissão do futuro, realmente esse mercado está em ascensão. Constantemente estamos com vagas abertas”, projeta Mauro Soares.

Para formar mais profissionais qualificados, o Instituto Federal de Educação oferece o curso de Eletricista de Sistemas de Energias Renováveis, de graça, em parceria com uma empresa do setor e um banco. A ideia é que, após formados, os profissionais atuem ou empreendam na área. As inscrições estão abertas em dois campi do estado.

Uma das alunas é a Ieda Weschenfelder, que já trabalha como eletricista, mas agora pretende ampliar as oportunidades.

“Estou me aventurando nesta área, mas penso em fazer manutenção, porque existem muitas placas sendo instaladas, mas hoje já há falta de manutenção destes equipamentos no mercado”, afirma a estudante.