Saneamento e Comércio lideram crescimento das migrações para o mercado livre, divulga CCEE

21/09/20 | São Paulo

TN Petróleo 

As empresas de saneamento registraram a maior migração de cargas para o mercado livre de energia entre todos os ramos de atividade monitorados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE no último ano. Em julho, o segmento registrava 324 unidades consumidores habilitadas para negociar no Ambiente de Contratação Livre – ACL, volume 75% superior ao apresentado no mesmo mês de 2019.

Em seguida no ranking de migrações está o comércio, que também representa o setor com maior número de cargas no mercado livre, 6.246 em julho deste ano. Na comparação com o ano passado, a presença do ramo comercial aumentou cerca de 41%. Também apresentaram altas expressivas os segmentos de serviços, minerais não-metálicos, transporte, alimentícios e manufaturados diversos.

Os dados, já consolidados, estão presentes no InfoMercado Mensal relativo a julho de 2020, divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE a partir da contabilização das liquidações e operações no Mercado de Curto Prazo – MCP.

Consumo

O consumo de energia em julho cresceu 0,8% na comparação anual, saindo de 60.374 MW médios para 60.847 MW médios. O mercado regulado apresentou redução de 0,7%, para 40.848 MW médios, enquanto o mercado livre teve alta de 3,9%, para 20.000 MW médios. Excluindo os efeitos das migrações, o cenário se inverte, com um consumo 2,2% mais elevado no mercado regulado e 2,2% menor no mercado livre.

A redução do consumo de energia no ACL, excluindo o efeito da migração das cargas novas, é explicada pela queda no consumo em nove dos 15 ramos de atividade. Dentre essas quedas, destacamos: serviços (-22%), veículos (-17%), transporte (-13%), têxteis (-9%). Por outro lado, os setores que apresentaram crescimento foram: bebidas (9%), saneamento (7%), minerais não-metálicos (5%), alimentícios (5%) e químicos (3%).

A CCEE verificou ainda a transação de 139 mil MW médios de contratos de energia, sendo 65% relacionados ao mercado livre e com destaque para 258 MW médios destinados à exportação.

Geração

Em julho, a geração de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentou elevação de 0,8% em relação ao mesmo mês em 2019 – 60.919 MW médios contra 60.416 MW médios, respectivamente. Verificou-se aumento em todas as fontes de energia, exceto na térmica, que teve queda de 34,2%. Nesse conjunto, porém, as térmicas à biomassa apresentaram alta de 4,6% no mês. O combustível gerou 4.514 MW médios e representou pouco mais da metade da geração termelétrica verificada em julho.

Fotovoltaicas avançaram 34% e eólicas apresentaram alta de 12,5% no mês.

Mercado livre – ambiente onde o consumidor pode escolher o fornecedor de energia, bem como as condições de contratação, seja diretamente com a geradora, seja com um comercializador de energia. A contratação é feita bilateralmente ou por meio de leilões de venda de energia promovidos por geradoras ou comercializadoras. É conhecido também pelo jargão ambiente de contratação livre (ACL).

Mercado regulado – ambiente onde o consumidor tem a gestão da energia feita pela distribuidora na qual ele está conectado. É conhecido também pelo jargão ambiente de contratação regulada (ACR), com leilões realizados pelo governo.

Comercializador de energia – agente autorizado a intermediar operações de compra e venda de energia entre geradores e consumidores de energia, entre outras transações.

Consumidor livre – é aquele que contrata energia no mercado livre, sem qualquer restrição de fonte de energia, com carga acima de 2 MW.

Consumidor especial – é aquele que contrata energia no mercado livre, desde que seja gerada por fontes renováveis (eólica, solar, pequenas centrais hidrelétricas e usinas a biomassa ou biogás), com carga acima de 0,5 MW. A energia adquirida por consumidores especiais é conhecida no setor como energia incentivada, porque garante descontos em uso de sistemas de transporte da energia (transmissão ou distribuição).