24/08/20 | São Paulo
Segundo especialistas, combinação de baterias com geração de energia solar representa um avanço tecnológico no consumo de eletricidade no País
Embora seja uma tecnologia ainda recente, os sistemas de armazenamento de energia já se mostram economicamente viáveis em determinadas aplicações no Brasil, apontam empresas e especialistas. A pauta foi discutida na estreia do programa Absolar Inside, promovido pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
“O armazenamento de energia é um negócio muito relevante e promissor no Brasil. Durante muito tempo, pensávamos que a viabilidade econômica era uma coisa do futuro, mas ela já existe para determinados clientes. É possível armazenar energia fotovoltaica ou da própria concessionaria para utilizar no horário de ponta, quando as tarifas são mais caras”, explicou o coordenador do grupo de trabalho de tecnologias de armazenamento da ABSOLAR, Markus Vlasits.
“Essa tecnologia também pode gerencia uma redução da demanda contratada. Outro benefício é aposentar os geradores a diesel, servindo de backup de energia em momentos de falha de rede. São todas aplicações relevantes para o Brasil”, destacou o especialista.
O CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, declarou que os sistemas de armazenamento devem seguir uma evolução similar a da energia solar fotovoltaica, tornando-se mais presente conforme a tecnologia fica mais acessível. “No passado, dizia-se que a energia fotovoltaica só seria utilizada no espaço e em conexões remotas e ela começou a ganhar a rede elétrica. A bateria vai pelo mesmo caminho, conforme se torna uma tecnologia mais barata.”
“Estamos vendo vários projetos e em breve isso se tornará regra, não exceção, como ocorreu com energia a fotovoltaica. O armazenamento traz várias funcionalidades e serviços que atuam em sinergia com tecnologias já existentes no setor. Ela é versátil para ser aplicada perto ou longe do ponto de consumo”, avaliou o dirigente.
O CEO do Grupo Pacto Energia, Rodrigo Pedroso, comentou sobre um projeto de sistema conjunto de armazenamento de energia e geração fotovoltaica desenvolvido em parceria com a Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos, (USTDA) em Goiás. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia específica, que é a bateria de fluxo. Esse projeto visa o atendimento do consumidor no horário de ponto, cujo custo é muito alto no Brasil.”
“É feito o uso do sistema fotovoltaico para carregar o sistema e entregar a energia para o cliente por um custo mais barato que o da concessionária. Apesar do setor de armazenamento estar ainda começando no país, já se mostra economicamente viável em aplicações como essa”, assinalou o executivo.
Vlasits entende que a tendência de redução no preço dos componentes, como as baterias de lítio, deve se manter nos próximos anos. “Existe muita demanda por baterias no mundo, em função dos carros elétricos e dos sistemas de armazenamento. Isso vai gerar um aumento de cadeia produtiva, proporcionando ganho de escala e redução de custos. É a mesma dinâmica que ocorreu com o setor solar.”
Ele entende que o maior desafio para esse mercado no Brasil é a tributação que incide sobre os equipamentos e componentes. “Infelizmente, o governo decidiu tributar esses itens com alíquotas muito pesadas. Na hora de importar uma bateria, há um custo de nacionalização de mais de 80%, o que inviabiliza muitos projetos.”
O especialista também alerta para necessidade de definir normas para o setor, “Antes de mais nada, precisamos de regras claras de como esses sistemas se conectam à rede. Atualmente, não há nada estabelecido e caímos nas regras subjetivas das distribuidoras. Definir uma padronização é importante.”