Solar distribuída pode voltar a ser competitiva em 2015

25/02/15 | São Paulo

Os reajustes tarifários no próximo ano poderão deixar energia fotovoltaica distribuída mais competitiva em 2015. Essa é a perspectiva do mercado solar, segundo Rodrigo Lopes Sauaia, diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

"Ano que vem a gente tem uma expectativa, segundo estudos da consultoria PSR, que a tarifa vai aumentar entre 25% e 28%. Isso por si só já vai tornar a energia fotovoltaica de forma distribuída muito mais competitiva", disse Sauaia, em entrevista ao Jornal da Energia nesta quarta-feira (24/9).

Com isso, volta aquele cenário positivo para a geração distribuída anterior a Medida Provisória 579/12. Em julho de 2012, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) chegou a publicar um estudo denominado "Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira", apontando que a produção residencial de energia solar já era economicamente viável para 15% dos domicílios brasileiros.

Na época, considerando as tarifas aplicadas pelas concessionárias em 2012, os estados viáveis para esse tipo de geração eram Minas Gerais (Energia e Cemig), Maranhão (Cemar), Piauí (Cepisa) e Rio de Janeiro (Ampla).

Estudos de demanda da EPE para 2050 apontam que – num cenário mais conservador, em que as políticas atuais são mantidas – a geração fotovoltaica distribuída pode chegar a 78GW instalados no País, o que equivale a 5,7% da demanda elétrica de 2050. Num cenário incentivado, com políticas mais favoráveis à fonte, esse número poderia chegar a 118GW, equivalente a 8,7% da demanda elétrica de 2050. "É um cenário bem possível de se alcançar", disse Sauaia.

Leilões
O diretor da Absolar ainda falou sobre as expectativas para a geração solar centralizada. Do ponto de vista do planejamento, a associação pretende enviar contribuições para o PDE2023. Para ele, a expectativa de instalação de 500MW/ano até 2023 é muito conservadora. "Há espaço para que energia solar fotovoltaica tenha um papel mais representativo nesse período", disse.

Como a intenção é atrair fábricas de células fotovoltaicas para o Brasil, o sinal ideal é que haja uma demanda de ao menos 1GW/ano já a partir de 2020. "Uma fábrica tem uma demanda mínima de 500MW e você precisa ter pelo menos duas para não configurar monopólio", explicou Sauaia.

A associação ainda pretende negociar a ampliação da duração dos contratos para energia fotovoltaica no ambiente regulado, de 20 anos para 25 anos. Com um contrato mais longo, os agentes poderiam conseguir linhas de financiamento mais competitivas, e isso contribuiria para aumentar a competitividade da fonte.

Para o próximo leilão de energia de reserva, marcado para 31 de outubro, a Absolar espera que o governo estabeleça um preço teto entre R$250/MWh e R$300/MWh para a energia solar. "Essa é uma expectativa realista para um setor que está começando no Brasil", finalizou.