Unindo cuidado ambiental com economia, empresas aderem à programa de energia solar

30/09/23 | São Paulo

Reportagem publicada em Correio do Estado

A iniciativa vai de encontro com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, que prevê uma série de mudanças para um desenvolvimento sustentável

Mato Grosso do Sul é um Estado com um forte poderio de fontes renováveis, que podem ser utilizadas para minimizar os impactos ambientais, e promover um desenvolvimento sustentável, como é previsto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Indo de encontro com a Agenda 2030 da ONU, o Senai tem um programa que auxilia as empresas a fazerem a mudança de matriz energética.

A Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) relata que tem notado uma crescente adesão as empresas ao uso de fontes renováveis em MS. Uma delas foi o Supermercado Luísa, em Glória de Dourados, que decidiu optar pela energia solar pela economia e também por ser uma energia limpa.

De acordo com a proprietária, Maria Luiza Denadai, a iniciativa trouxe uma economia de praticamente 99% ao estabelecimento. A empresária decidiu fazer a mudança no início de 2020, e tudo ocorreu rapidamente. “Só fica a taxa mínima cobrada pela Energisar”, comenta a empresária.

O consultor do Programa Senai de Gestão Energética do Senai Empresa, Sebastião Dussel, aponta que as empresas relatam uma grande satisfação após a transição. “Ao invés de se aborrecerem ao receberem a conta de luz, eles passam a comemorar a economia obtida após implantarem o sistema de geração de energia elétrica, utilizando como matéria prima a luz solar”, informa o engenheiro eletricista.

A Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Algodão (AMPASUL), também passou pela mudança de matriz energética, relata o diretor executivo da entidade, Adão Hoffmann, que teve a ajuda do Senai para a adesão à energia solar.

O diretor aponta que não houve problemas na transição, que foi incentivada devido ao custo elevado das contas, já que a associação tinha um alto consumo de energia. “Ocorreu a necessidade de buscar uma fonte mais econômica de produção de energia”, informa Adão, que relata uma melhoria econômica e também de manutenção.

A consultoria para a transição energética é feita a partir de uma simulação da planta de geração de energia necessária para suprir a demanda do local, informa o consultor do programa. “Entre o portfólio de energias renováveis, elaboramos o anteprojeto e consultamos preço com empresas parceiras para a implementação dos sistemas de geração”, relata Sebastião Dussel.

No entanto, além de prestar a consultoria, o Sistema Fiems também utiliza fontes energéticas renováveis no dia a dia de suas unidades, e praticamente toda energia elétrica consumida pelas unidades do Sesi, Senai e IEL no Estado, são de produção solar.

Além disso, a Fiems informa também que está concluindo obras de um complexo de usinas fotovoltaicas em Campo Grande, que tem capacidade total para produzir até 3,4 MW de energia elétrica. O presidente da instituição, Sério Longen, também comenta que além da iniciativa ser uma alternativa econômica, também é uma opção mais sustentável para o meio ambiente, pois reduz a produção de poluentes na atmosfera.

Iniciativas sustentáveis são incentivadas pelo Agenda 2030 da ONUA, que elenca Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem desenvolvidos no mundo todo. Mato Grosso do Sul, é um dos locais que o governo do Estado aderiu ao programa, e vem realizando ações voltadas para cumprir as metas sustentáveis.

Além do Estado estar inserido em uma região privilegiada para a geração de energia elétrica solar, estando na 8ª posição no ranking de potência de geração solar, e Campo Grande como a 3ª melhor Capital do país, há também outras fontes renováveis elencadas pela Fiems.

Entre as opções, além da fonte hidráulica, há também a biomassa, vinda de 23 usinas de açúcar e etanol, instaladas em MS e de 1,4 milhão de hectares de área plantada de florestas de eucalipto, que juntos, colocam o Estado entre os maiores produtores de energia elétrica a partir da biomassa.

O biogás também é muito explorado em MS, sendo o Estado o sexto maior no ranking nacional de suinocultura e o quarto em bovinocultura de corte, o que sugere uma elevada produção diária de resíduos sólidos de dejetos, que podem ser aproveitados em biodigestores, resultando em um “elevado potencial para geração de energia elétrica a partir do biogás”.

A energia eólica também e uma das iniciativas que podem ser exploradas em MS. O Instituto Senai de Inovação e Energias Renováveis do Rio Grande do Norte, por solicitação da Fiems, mapeou o corredor de vento do Estado, e identificou uma velocidade apropriada para instalar aerogerador a partir de 110 metros de altura, permitindo a produção de energia elétrica eólica.

Além de sustentável, todo esse poderio de produção energética renovável pode auxiliar também em momentos de stress de consumo energético, como foi causado pela última onda de calor, quando Campo Grande e algumas cidades do Estado registraram consumos recordes de energia.

De acordo com a Energisa, a demanda de alguns municípios foi maior do que o sistema conseguia suprir, e algumas cidades do interior e bairros da Capital ficaram sem abastecimento elétrico. A energia solar ajudou o sistema elétrico, pois durante o período que há a presença do sol, 115 mil consumidores retiram energia das placas fotovoltaicas, o que significa pouco mais de 10% dos 1,1 bilhão de clientes da Energisa em MS.