28/02/20 | São Paulo
Após novo crescimento na geração distribuída em 2019, liderado pela energia solar para casas, as placas solares já começam 2020 batendo novos recordes de geração em usinas solares no Brasil. Segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foram dois recordes atingidos na geração solar centralizada em operação no Nordeste, no dia 16 de janeiro.
Um deles foi a geração instantânea, que atingiu o pico de 1.232 Megawatts (MW) às 12h39, ou seja, foi a soma da energia gerada naquele momento por todas as usinas solares da região. De acordo com a ONS, o volume conseguiu suprir 10,4% de toda a energia elétrica consumida no Nordeste e representa 90,3% da capacidade total da solar centralizada na região.
O montante gerado foi cerca de 1,82% maior em relação ao recorde anterior, de novembro de 2019, quando as usinas solares do Nordeste geraram 1.210 MW. Com o forte sol durante o dia inteiro, a geração solar fotovoltaica média também registrou novo recorde, de 449 MW, superando os 447 MW médios de novembro do ano passado.
O desempenho das usinas solares no Nordeste são nova prova do potencial da energia solar como uma das fontes renováveis para diversificação da matriz elétrica brasileira. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o país possui hoje cerca de 2,47 Gigawatts (GW) de usinas solares em operação, que respondem por apenas 1,45% de toda a capacidade elétrica do Brasil. No entanto, as estimativas apostam em um aumento dessa participação e futura liderança da energia solar na geração elétrica do país.
Uma delas é a da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), que prevê 126 GW instalados da solar até 2040 e sua liderança na matriz elétrica do país com 32% do total. Além do potencial da fonte, as projeções são baseadas na queda vertiginosa dos preços da tecnologia e seu desempenho nos leilões de energia promovidos pelo Governo Federal. A solar no Brasil chegou a bater o recorde internacional de preço mínimo em junho de 2019, quando negociou projetos no leilão A-4 a R$64,99 por MWh (Megawatt-hora).
Segundo Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), essa queda de preços é resultado da grande oferta de projetos que concorrem nos leilões. Isso, por sua vez, é reflexo do baixo risco de desenvolvimento desses projetos, políticas corporativas e a capacidade de atrair capital para financiar empreendimentos. Com mais quatro leilões de energia nova já agendados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) até 2021, o futuro da geração elétrica brasileira deverá ser cada vez mais solar.