17/03/20 | São Paulo
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), câmpus Pato Branco, inaugurou na tarde desta segunda-feira (09) uma usina de minigeração fotovoltaica. Com potência de 420 kWp, a usina faz parte do Sistema de Gestão de Energia do câmpus, iniciativa em andamento desde 2017, a partir da habilitação da universidade em uma chamada pública de projetos da Companhia Paranaense de Energia, a Copel. O câmpus Curitiba também submeteu projeto e foi contemplado.
Segundo informações da universidade, a implementação deve garantir uma economia de 237,78 MWh por ano, o que deve representar uma economia em recursos de mais de R$ 340 mil anuais. O investimento total é de aproximadamente R$ 8 milhões, em recursos intermediados pela Copel.
Em linhas gerais, o sistema é aplicado em duas frentes: projeto de eficiência energética e projeto de pesquisa e desenvolvimento. De acordo com professor Jean-Marc Stephane Lafay, coordenador do projeto de eficiência energética, foi feita a instalação de um sistema de medição de energia elétrica em todos os blocos do câmpus e analisadores de energia nos transformadores que recebem energia da Copel. “Para monitorar qual era a nossa qualidade de energia antes do projeto e pós implantação das ações de eficiência energética”, completa o coordenador.
Também foram instalados aproximadamente 1300 painéis fotovoltaicos, que compõem a usina inaugurada nesta segunda, e substituídas 8 mil lâmpadas fluorescentes ou de outras tecnologias por lâmpadas de LED, que consomem menos energia.
Além disso, foi contratada uma consultoria em ISO 50.001, que avalia todos os processos de gestão de energia e determina parâmetros para que a universidade possa pleitear este selo, que atesta a excelência da instituição na gestão de recursos energéticos. “Isso nos colocaria como uma das primeiras universidades do país a sermos certificadas (com o ISO 50.001)”, completa Lafay.
O coordenador explica que o sistema também envolve um processo de transformação cultural sobre o consumo de energia, trabalho que integra especialmente ações conjuntas das comissões de gestão de recursos da universidade, e envolve alunos e servidores.
Para Idemir Citadin, diretor do câmpus, contribuir para a mudança de cultura quanto o tema sustentabilidade foi uma das grandes contribuições do projeto. Segundo ele, além do aspecto financeiro é fundamental pensar na utilização sustentável de todos os recursos, especialmente os naturais.
Em seu pronunciamento, Luiz Alberto Pilatti, reitor da UTFPR, acrescentou que a implantação do sistema é importante para a instituição do ponto de vista da gestão financeira. Ele avalia ainda que outra contribuição é o retorno a comunidade por meio do desenvolvimento de pesquisas e tecnologias.
Também na tarde de segunda foi realizado o lançamento da etapa local de um projeto desenvolvido pelo câmpus Curitiba, que estuda o desempenho de diferentes tecnologias de geração de energia solar, aplicadas em regiões distintas do Paraná.
Pesquisa e desenvolvimento
A outra frente do projeto envolve ações ligadas a produção de conhecimento. O professor Jean Patric da Costa, coordenador da área de pesquisa e desenvolvimento do Sistema de Gestão de Energia, explica que há metas ligadas a formação, como por exemplo o apoio a projetos de conclusão de curso, estágios e projetos de iniciação científica nas áreas de Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação.
Também há o desenvolvimento de dissertações de mestrado na área de geração fotovoltaica, treinamentos e workshops voltados a comunidade, além da produção de trabalhos publicados em periódicos de impacto internacional, que trazem os resultados das pesquisas realizadas. Costa acrescenta também o interesse das indústrias em desenvolver produtos com as tecnologias desenvolvidas em laboratório.
Mercado de energia fotovoltaica deve gerar 120 mil empregos
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), estima que o setor de energia solar deva gerar pelo menos 120 mil postos de trabalho no ano de 2020 em todo o Brasil. O número é de matéria publicada no site do jornal Extra.
Para o professor Jean Patric da Costa, o número ajuda a ilustrar o crescimento do setor, e o aumento dos investimentos neste tipo de geração de energia, que no âmbito da iniciativa privada deve chegar aos R$ 20 bilhões este ano.
“Isso envolve desde logística, trabalhos técnicos de engenharia, obras. Então você envolve uma cadeia de trabalhos na instalação de uma usina”, diz o professor, que acrescenta sobre a inserção no mercado de trabalho dos profissionais graduados na UTFPR com atuação nesse segmento. “Todos os alunos que saíram do projeto estão empregados. Alguns decidiram por aprofundar o conhecimento com doutorados, inclusive fora do país”, detalha.
O engenheiro eletricista da Copel, Fabio Borges, conta que a companhia disponibiliza anualmente editais para projetos de eficiência energética. Neste ano, a chamada pública soma R$ 100 milhões para projetos de empresas e outras instituições públicas, privadas e organizações filantrópicas.