22/11/18 | São Paulo
Você já pensou em trocar a energia elétrica fornecida pela concessionária pela energia solar? Apesar de ainda ser uma fonte de energia pouco usada no país, seu crescimento nos últimos anos aponta para um futuro promissor, com queda de custos e melhoria nos serviços. E adotar o sistema em casas, prédios e empresas está cada vez mais simples.
A energia solar fotovoltaica, produzida por painéis que captam a luz do sol, corresponde hoje a 0,8% da matriz energética brasileira. Apesar disso, seu crescimento é o mais rápido no país e no mundo entre as fontes de energia renováveis. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Ronaldo Koloszuk, a previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do governo federal é de que em 2030 ela chegue aos 10%. “Isso porque o governo costuma ser conservador. Deve ser mais que isso”, comenta.
Outros dados, como os da Bloomberg News Energy Finance, reforçam a tese de Koloszuk e são bem mais otimistas. “Em 2040 a Bloomberg diz que a energia solar fotovoltaica no Brasil será 32% (da matriz energética). E diz que vai ultrapassar a fonte hídrica, que será 29%”, comenta.
O crescimento só não é maior porque enfrenta uma barreira: a desinformação. O mito de que o investimento é caro e demora para ser pago ainda cerca a energia solar. Hoje, quem fizer a instalação tem retorno entre três e sete anos. “A principal vantagem é econômica. Os equipamentos têm garantia de 25 anos, mas há casa na Europa onde eles chegam a durar 35 anos”, exemplifica Koloszuk. E há ainda uma grande vantagem ambiental, por se tratar de uma energia limpa e silenciosa.
Quero instalar, o que fazer?
Aderir a produção de energia solar não é difícil, mas o processo exige o cumprimento de uma série de regras, como explica o engenheiro especializado em Gestão Ambiental e sócio-gerente da Solarize, especializada em serviços de tecnologia ambiental e cursos sobre energia solar, Mauro Lerer. “Primeiro é feito um estudo, um projeto para avaliar o benefício que aquela casa, um comércio, ou indústria, terá”, explica.
Feito esse levantamento por uma ou mais empresas que trabalhem com instalação de painéis fotovoltaicos, é dada a entrada na solicitação na concessionária de energia para garantir acesso à rede. Lerer aponta que em sistemas de até 75kw de potência, que é bem mais do que o suficiente para uma casa, as concessionárias não podem cobrar isso e costumam liberar com facilidade.
Após a aprovação, é feita a instalação física dos módulos fotovoltaicos, da proteção elétrica e do inversor de conexão com a rede, que passam por vistoria da concessionária. A partir desse aval, técnicos trocam o relógio de consumo para um bidirecional. Isso é necessário porque a energia produzida na edificação será jogada para a rede comum e depois voltará para abastecê-la. Daí é só começar a usar.
Muita gente imagina que a instalação de painéis solares fará com que as contas de luz acabem – só que normalmente não ocorre assim. Um dos motivos é financeiro, pois as baterias para armazenamento da energia excedente produzida ainda são economicamente inviáveis. O outro é que nem sempre se consegue produzir 100% da energia necessária para o prédio. “Quando você está utilizando a prioridade é consumir a energia que está produzindo, o relógio fica parado”, explica Lerer.
Enquanto há sol, os painéis produzem energia ininterruptamente, mesmo se nada na casa estiver ligado. Daí tudo será compartilhado na rede. Mas quando você voltar a usar a energia, mesmo que o tempo esteja nublado ou chuvoso, o sistema entende que você tem um excedente e só passará a cobrar pelo fornecimento quando ele acabar. “Quando chega no final do mês, a concessionária mede dois números – tudo que você consumiu e o que gerou – e vai abater do seu consumo”, explica.
Assim, é possível que se pague muito pouco. E nos casos em que se consegue produzir mais do que se consome, além de só ter que pagar a taxa de iluminação pública, ganha-se créditos de energia que podem ser usados em até cinco anos. Outra vantagem destacada por Lerer é que se escapa dos grandes crescimentos no custo da energia. “Se vai ter um aumento de 16% de energia e você consegue produzir 90% do que consome, a sua alta vai ser mínima. Para as empresas, principalmente, essas oscilações de preços fazem uma diferença enorme”, pontua.